Ex-policiais militares vão a júri ao confundir celular com arma e matar empresário em SP

goo.gl/KGdZ92 | Três ex-policiais militares vão a júri popular em outubro sob acusação de matar o empresário e publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 41 anos, durante abordagem policial em 2012, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.

O crime ocorreu em julho daquele ano. À época, o trio alegou que atirou na vítima ao confundir o celular que ela usava com uma arma. Câmeras de segurança gravaram parte da ação. Veja acima entrevista com a defesa dos então policiais, feita em agosto de 2012 pelo G1 e exibida no SPTV.

De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o julgamento do ex-sargento Adriano Costa da Silva, 30 anos (que era cabo na época do crime), e os ex-soldados Robson Tadeu do Nascimento Paulino, 34, e Luís Gustavo Teixeira Garcia, 31, foi marcado para o dia 25 de outubro, a partir das 10h30, no plenário dez do Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista.

Os três respondem em liberdade ao processo no qual são acusados por homicídio doloso e fraude processual. Segundo o Ministério Público (MP), eles tiveram intenção de matar o empresário e ainda forjaram provas para se livrar da culpa pelo assassinato da vítima.

O G1 não encontrou Rogério Leão Zagallo, que havia sido designado como promotor do caso, para comentar o assunto nesta sexta-feira (5). Em agosto de 2013 ele tinha denunciado Adriano, Robson e Luís Gustavo à Justiça pelos crimes.

Acusação

Segundo a denúncia, Ricardo foi morto porque não obedeceu à ordem dos policiais para parar em uma abordagem próxima a Avenida das Corujas, no Alto de Pinheiros, na noite de 18 de julho de 2012.

Segundo Zagallo disse à época à reportagem, ficou comprovado que o tiro que matou Ricardo foi disparado pelo então soldado Robson. Apesar disso, o cabo Adriano e o soldado Luís Gustavo também são acusados de participação no assassinato.

Ainda de acordo com o promotor, os três acusados "plantaram" maconha no carro do empresário e recolheram as cápsulas das armas que usaram para atirar no veículo - que se configuram fraudes processuais, segundo ele.

De acordo com Zagallo, os cerca de 50 gramas de maconha apreendidos por peritos no veículo de Ricardo foram colocados pelos PMs para tentar incriminá-lo e justificar a abordagem.
No dia 15 de outubro de 2013, a Polícia Militar (PM) publicou no Diário Oficial do estado de São Paulo a expulsão dos três policiais acusados de matar Ricardo.

Por determinação do Comando Geral da PM, o cabo Adriano e os soldados Robson e Luís Gustavo foram expulsos "pelo cometimento de atos atentatórios à instituição e ao estado, aos direitos humanos fundamentais e desonrosos, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave”, de acordo com o “regulamento Disciplinar da Polícia Militar”.

Defesa

Procurado pelo G1 para comentar a marcação do julgamento de seus clientes, o advogado Aryldo de Oliveira de Paula declarou que os três ex-PMs são inocentes e têm de ser absolvidos.

“Eles confundiram o celular do empresário com uma arma e, por isso, atiraram”, disse o advogado. “O motorista não quis obedecer à ordem de parar dada pelos PMs numa barreira policial, adotando um comportamento suspeito de ser criminoso”.

O cabo e os dois soldados chegaram a ser presos em 2012 e foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio, mas depois foram colocados em liberdade por decisão judicial.

Naquele mesmo ano em entrevista ao G1, os então policiais se defenderam das acusações da Promotoria, negando ter forjado provas. Além disso, disseram que só atiraram em Ricardo porque ele não obedeceu a uma ordem de parada e ainda fez menção de que estaria armado. Os PMs alegaram ter confundido o celular na mão da vítima com um revólver.

Segundo boletim de ocorrência registrado no 14º Distrito Policial (DP), em Pinheiros, ele dirigia seu Fiesta em alta velocidade e passou a ser perseguido pelos policiais militares. Outros carros e motos da PM fizeram o reforço.

Ao chegar à Avenida das Corujas, o Fiesta foi fechado por uma viatura da polícia. Sem que o motorista reagisse, os PMs atiraram. O empresário foi atingido na cabeça, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Por Kleber Tomaz
Fonte: G1

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