Espírito Santo tem apoio das Forças Armadas e Nacional, diz governador em exercício

goo.gl/ETw77w | O Espírito Santo vai receber militares das Forças Armadas e homens da Força Nacional para fazer a segurança das ruas do estado. O pedido foi feito pelo governo estadual nesta segunda-feira (6) em razão da falta de policiamento. Desde sábado (4), protestos de familiares por reajuste salarial impedem a saída de PMs de quartéis em várias cidades.

Militares do Exército já estão no 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha, aguardando o planejamento do Ministério da Defesa para o início dos trabalhos.

O governador em exercício, César Colnago, afirmou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Alexandre Moraes, autorizou o envio de 200 homens da Força Nacional para o policiamento, sendo que 80 vêm do Rio de Janeiro e 120, de Brasília. O Ministério da Justiça confirmou a informação e disse que os homens devem chegar a Vitória no início desta noite.

A falta de policiamento nas ruas vem provocando uma onda de violência. Um ônibus foi incendiado, uma guarita da PM foi queimada e há relatos de arrastões e assaltos a lojas. A Prefeitura de Vitória suspendeu o início do ano letivo na rede municipal nesta manhã. As unidades de saúde da capital não funcionam, com exceção dos pronto-atendimentos da Praia do Suá e São Pedro. Órgãos da Justiça também fecharam as portas.

Forças Armadas

O Ministério da Defesa confirmou que as Forças Armadas atuarão na segurança do estado e que já planeja a operação. Agora, o presidente Michel Temer precisa publicar um decreto sobre isso.

A divulgação de mais detalhes sobre a chegada do Exército depende da área em que as tropas vão atuar – se será somente na região metropolitana ou em outras cidades.

A assessoria de imprensa do ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou que ele deve chegar ao Espírito Santo à noite para acompanhar de perto a situação no estado. No início desta tarde, o ministro estava a caminho de Natal, que vive uma crise penitenciária.

Em entrevista no Rio Grande do Norte, Jungmann comentou a situação no Espírito Santo. "Eu recebi uma ligação ontem, tarde da noite, do governador César Colnago, a respeito da gravidade da situação em termos de segurança no Espírito Santo. Disse a ele que procurasse o presidente, que é quem nos autoriza no emprego as forças armadas. O presidente me ligou hoje autorizando verbalmente, e eu acionei os dispositivos do Estado-Maior Conjunto e do Comando Militar do Leste", garantiu.

‘Greve’

A Justiça decretou o movimento ilegal e já determinou que os manifestantes saiam das portas dos quartéis. No entanto, na manhã desta segunda os protestos continuavam, e a polícia ainda não estava trabalhando. As manifestações acontecem em toda a Região Metropolitana de Vitória, Guarapari, Linhares, Aracruz, Colatina e Piúma.
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Os familiares protestam no lugar dos PMs, porque eles são proibidos pelo Código Penal Militar de fazer greve ou paralisação. A pena para o PM que participar em atos desse tipo pode chegar a dois anos de prisão.



Protesto na manhã desta segunda-feira tinha poucas pessoas em quartel (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)


Decisões

Na manhã desta segunda-feira, o secretário de Segurança Pública André Garcia anunciou uma série de decisões tomadas para conter as manifestações e a violência na Grande Vitória. São elas:

- Suspensão de negociações com os policiais enquanto não voltarem ao trabalho de patrulhamento nas ruas e o atendimento das ocorrências.
- Troca do comando da Polícia Militar do Espírito Santo. O coronel Laércio Oliveira, que tinha sido nomeado em 16 de janeiro, foi substituído pelo coronel Nilton.
- Ação judicial pedindo a ilegalidade do movimento.
- Pedido do apoio da Força Nacional ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública.
- Pedido do apoio das Forças Armadas ao Ministério da Defesa.

Nesta segunda-feira, o desembargador Robson Luiz Albanez declarou a paralisação ilegal e decidiu:

- Restauração imediata da segurança pública;
- Multa diária de R$ 100 mil contra a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar do Espírito Santo (ACS-PMBM-ES), Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ASSES), Associação dos Bombeiros Militares do Espírito Santo (ABMES), Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (ASSOMES), Associação dos Militares da Reserva, Reformados, da Ativa da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e Pensionistas de Militares (ASPOMIRES).

Outro lado

O presidente da Associação de Cabos e Soldados, cabo Renato Martins Conceição, informou que representantes das cinco associações de militares estão reunidos no Clube dos Oficiais, analisando a decisão judicial que decretou a ilegalidade do movimento.

A reunião só deve terminar no início da tarde. As associações foram notificadas da decisão da Justiça durante a manhã.

O major Rogério Fernandes Lima, da Associação dos Oficiais Militares, disse que a associação não é responsável pelo movimento e não serão eles que vão repreender a ação dos familiares dos policiais.

"O movimento é legítimo, pleiteando melhorias salariais, visto que tem o pior salário do Brasil. Mas, se não somos nós que organizamos, como podemos ser penalizados?", questionou.

Suspensão de atividades

O Sindicato dos Rodoviários (Sindirodoviários-ES) informou que os ônibus estarão paralisados a partir das 16h. A circulação ficará suspensa até que a situação da segurança seja normalizada.

A Prefeitura de Vitória suspendeu o atendimento em todas as unidades de saúde da capital, inclusive a vacinação contra a febre amarela. Já os pronto-atendimentos da Praia do Suá e São Pedro continuam normais neste início de semana, segundo nota da prefeitura.

A Prefeitura de Vila Velha também anunciou a suspensão das atividades administrativas a partir das 14h.

No estado, escolas e faculdades públicas e particulares cancelaram as aulas nesta segunda. São elas:

- Escolas públicas municipais de Vitória (matutino), Vila Velha, Cariacica (período matutino), Viana e Linhares;
- Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes): campi Goiabeiras, Maruípe, Alegre e São Mateus;
- Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes): campi Cariacica, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória;
- Faculdade de Ensino Superior de Linhares (Faceli);
- Faculdade de Direito de Vitória (FDV);
- Emescam;
- Faculdade Multivix: unidades de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Cachoeiro;
- Escola São Domingos;
- Escola Leonardo da Vinci;
- Darwin: unidades Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e Linhares;
- Up: todas as unidades;
- Colégio Ápice Jacaraípe.

Os seguintes órgãos públicos estão com atividades paralisadas:

- Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MP-ES);
- Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJ-ES): fóruns de Vitória, Serra, Vila Velha, Cariacica e Viana fechados. Expediente mantido na sede do Tribunal de Justiça;
- Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES).

Mortes

A Grande Vitória registrou 51 mortes violentas desde o início dos protestos de familiares de policiais militares, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) ainda não tem um balanço.

Se confirmado, o número de mortos nos últimos três dias significa um aumento de mais de 1.000% em relação a todo o mês de janeiro, quando ocorreram apenas quatro registros no Departamento Médico Legal (DML).



Loja de eletrodomésticos é arrombada no Espírito Santo (Foto: Diony Silva/CBN Vitória)
Lojas arrombadas

Várias lojas de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Guarapari foram arrombadas por criminosos. Por causa disso, os estabelecimentos não vão funcionar nesta segunda.

No bairro da Glória, em Vila Velha, o equivalente a um caminhão de mercadorias foi roubado das Casas Bahia. O portão da loja foi arrombado e, segundo o gerente, os criminosos destruíram muita coisa dentro do local. A Eletrocity também foi alvo da ação de assaltantes.

Em Guarapari, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) informou que 35 lojas da cidade haviam sido assaltadas até o início da manhã desta segunda.

Por Viviane Machado
Fonte: g1 globo

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