Advogada presa ameaçou detentas de morte a mando de facção criminosa, diz PF

goo.gl/Hxh3b6 | A advogada presa na manhã desta quarta-feira (23) em Boa Vista por suspeita de envolvimento com uma facção criminosa ameaçou de morte detentas do sistema prisional do estado, segundo a Polícia Federal.

A advogada foi presa pela PF na casa onde mora no bairro Caçari, área nobre da capital, onde foram apreendidos computadores e celulares.

Segundo a PF, ela é suspeita de se aproveitar da função que exercia para 'levar e trazer' ordens da organização de dentro e fora dos presídios. Esta é a 2ª fase da Operação Tovajar. A primeira ocorreu no dia 11 de agosto.

Em relação à prisão a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Roraima declarou em nota que não coaduna e repudia qualquer prática ilícita, mas ressalta a necessidade de garantir o direito à ampla defesa e o contraditório a qualquer cidadão brasileiro. (Veja nota íntegra abaixo).

Ameaça a detenta

Um termo de declaração obtido pelo G1 descreve detalhes de como uma presa da Cadeia Pública Feminina supostamente recebeu as intimidações.

Conforme o termo de declaração relatado pela presa, ela foi ameaçada de morte por 11 detentas por ser negar a passar a quantidade de agentes penitenciários, de armamentos na Cadeia e informações acerca da ocupação das guaritas pelos policiais militares.

Ainda conforme a declaração da presa, em novembro de 2016, a advogada foi à unidade prisional e alegou ter sido contratada pela família da detenta.

“Ao chegar à sala se intitulou advogada de uma facção criminosa e mostrou fotos dos filhos da declarante e ameaçou dizendo que se ela não colaborasse prestando informações da facção sobre os procedimentos adotas pelos plantonistas, seus familiares seriam mortos”, descreve o termo de declaração.

De acordo com a declaração da detenta, “advogada mantém contatos com pessoas de outros estados durante o atendimento às reeducandas, que em um dos atendimentos, a advogada usou as palavras ‘eu já estou aqui com ela, e ela vai ter que abrir a boca e nos ajudar’.

'Advogada atuava para organização criminosa', diz PF

O delegado da Polícia Federal Alan Robson disse que a advogada é suspeita de se aproveitar da função para 'levar e trazer' ordens da facção criminosa de dentro e fora dos presídios.

“Ela fazia esse elo e 'deixou' de ser advogada, que é uma atuação lícita e legítima, para atuar criminosamente, obedecendo o comando hierárquico da organização”, acentua.

Segundo ele, há nomes de outros presos e parentes que a advogada fazia ameaças contra vida diretamente.

“Não posso dar detalhes. Está sob segredo de justiça”, justifica, citando que foram apreendidos celulares e computadores. “ Haverá outras fases da operação”, adianta.

Robson ressaltou que foi descoberta a atuação da advogada após a 1ª fase da Operação Tovajar, que ocorreu no dia 11 de agosto. Nesta ação, foram cumpridos 15 dos 16 mandados de prisão expedidos.

“Não tínhamos dados dela. Fizemos oitivas com as pessoas presas [na 1ª fase]. Há o benefício de delatar as práticas de terceiros e chegamos a esses dados [da advogada]”, explica.

Conforme a PF, as investigações apontaram que a advogada, chamada de 'gravata' pela facção, atuava financiada e vinculada à cúpula da organização criminosa nacional.

Após a prisão, a advogada foi levada para o Comando de Policiamento de Capital (CPC) onde aguardará decisão da Justiça.

Nota da OAB-RR

Em relação à prisão da advogada, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Roraima, declara que não coaduna e repudia qualquer prática ilícita, mas ressalta a necessidade de garantir o direito à ampla defesa e o contraditório a qualquer cidadão brasileiro.

Nesse sentido, é defensora intransigente dos direitos fundamentais previstos na Constituição, no caso, o da presunção de inocência.

Por meio da Comissão de Defesa das Prerrogativas dos Advogados, vem acompanhando os procedimentos adotados para assegurar o cumprimento da lei. De outro modo, repudia manifestações irresponsáveis e ataques feitos contra a classe e a profissional, antecipando culpa ainda em fase de investigação.

Por Marcelo Marques, G1 RR
Fonte: g1 globo

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