Advocacia criminal: como lidar com familiares e amigos do cliente? - Por Anderson Figueira

goo.gl/ahHsCx | Saber lidar, ou melhor, se relacionar com os familiares do cliente em um processo criminal requer trabalho, atenção e, acima de tudo, calma. Esta situação é recorrente ao longo da carreira do advogado criminalista.

Independente da classe social do cliente, família é sempre família. O processo criminal, e principalmente a prisão de um indivíduo, desestrutura a família do seu cliente. O comportamento das pessoas, os temperamentos, a emoção, o desespero, tudo isso somado é o ambiente que se apresenta para aquele que atua na área criminal na hora de assumir um caso.

A concentração do profissional da advocacia criminal, que deveria estar unicamente destinada a preparar planos de ações para o cliente, muitas vezes acaba interrompida para prestar esclarecimentos sobre o caso, bem como acerca do funcionamento de um processo criminal.

Para o cliente, o advogado criminalista é o profissional que vai conduzir as atitudes processuais que necessitam de sucesso. O acusado quer melhorar a situação inicial e, por consequência, que os familiares fiquem relaxados.

Nesse sentido, apresentamos as dicas a seguir, destinadas principalmente aos profissionais que estão iniciando na carreira, de modo que possam ter um norte ao enfrentar estas situações:

1) Normalmente, é grande o número de familiares e amigos do seu cliente que no início do caso estarão muito interessados no processo. Todos terão dúvidas e opiniões. Logo, na primeira reunião, durante ou após a sua contratação, eleja uma destas pessoas para ser o contato principal ao longo dos dias. E que esta pessoa eleita reúna todas as dúvidas e perguntas de todos os outros. De preferência, estabeleça um horário diário para que conversem. Isto evitará aquela avalanche de ligações e visitas ao seu escritório para falar quase sempre a mesma coisa;

2) Todas as famílias e amigos do seu cliente terão também um conhecido que é advogado, e que este profissional disse que no caso que você está atuando a melhor medida seria tal coisa. Esta situação é muito delicada. Aqui você precisa ter elegância no primeiro momento e principalmente jogo de cintura para tratar todos com educação. Se você for procurado pela família com esse apontamento feito pelo outro profissional, com muita calma analise realmente se a solução sugerida tem fundamento (quase sempre não tem, pois o profissional não é da área criminal). Deixe claro que você é o especialista. Se a família quiser colocar aquele profissional em ação, já os deixe à vontade para isso, assim evitará intervenções futuras. Por outro lado, se quem te procurar for o próprio advogado, bom, neste caso você vai ter que dar explicações mais técnicas. Mas também já o deixe à vontade se quiser assumir o caso.

3) Independente do nervosismo dos familiares e amigos do seu cliente, você é o profissional que precisa ter calma e equilíbrio, por pior que esteja a situação. Logo, trate sempre estas pessoas com educação. É muito comum o nervosismo aumentar ao longo dos dias caso as primeiras medidas que você tomar não proporcione os efeitos desejáveis. E se você for novo na profissão, é absolutamente normal que estas pessoas comecem a consultar outros profissionais também. Esteja preparado para isso e, principalmente, tenha segurança no trabalho que você está fazendo. Nossa atividade profissional é cíclica e, em outros casos, você também será procurado por familiares e amigos de outro sujeito que possui um advogado criminalista atuando. Logo, por questões éticas, tenha paz consigo mesmo, não dê palpites em casos que outros profissionais estão atuando. Sugira que primeiro procurem o colega e resolvam suas dúvidas. Se, após isso, houver uma desconstituição deste profissional, bom, aí você está eticamente liberado para apresentar suas opiniões e futuramente até assumir o caso.

Como dito anteriormente, as situações que ocorrem entre familiares e amigos dos seus clientes são as mais variadas possíveis. Logo, estas dicas não são uma forma infalível, ou uma receita de bolo, mas podem servir como norte para quem está iniciando. Você pode ir adaptando de acordo com a sua própria personalidade e montar o seu estilo de tratamento com estas pessoas.

Por Anderson Figueira da Roza
Fonte: Canal Ciências Criminais

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