Juíza mantém prisão de guianense que incendiou casas de venezuelanos e feriu cinco em Roraima

goo.gl/fvQVzs | A juíza Daniela Schirato decidiu manter preso o guianense Gordon Fowler, de 42 anos, detido suspeito de incendiar casas de venezuelanos e ferir cinco pessoas. A decisão foi tomada durante audiência de custódia na manhã deste domingo (11) no Fórum Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR) em Boa Vista.

Na audiência, a detenção em flagrante foi convertida para preventiva. "[...] entendo que uma vez solto, o flagranteado coloca em risco a ordem pública", considerou a juíza na sentença.

Após a decisão, o suspeito, que é conhecido como 'Jamaica', foi conduzido à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, na zona Rural da cidade, onde deve permanecer à disposição da Justiça.

O guianense, que é andarilho, foi preso por volta das 21h deste sábado (10) em uma casa abandonada no bairro Mecejana, zona Oeste da cidade, mesmo onde ficam residências atacadas.

Em depoimento à Polícia Civil depois da prisão, ele contou que não se arrepende do que fez, mas que não tinha a intenção de ferir as duas mulheres e a criança, mas apenas homens venezuelanos. O delegado do caso, Cristiano Camapum, acredita que o suspeito iria fazer novos ataques.

"Ele disse que não estava arrependido, mas que não queria ter ferido mulheres e crianças, só homens. [...] Se ele continuasse solto, iria cometer outros ataques, talvez até mesmo durante essa madrugada", afirmou Camapum, titular da Delegacia Geral de Homicídios (DGH) que investiga o caso.

De acordo com o delegado, o suspeito, que agiu sozinho, admitiu também que foi motivado por raiva contra os imigrantes. Ele disse que teve uma bicicleta roubada e que foi agredido por venezuelanos. Ele mora em Roraima há dois anos.

"Ele criou uma aversão geral aos venezuelanos. Na cabeça dele podemos falar que de certa forma os atos tiveram, sim, traços de xenofobia".

Na casa abandonada onde ele foi preso, a polícia achou garrafas com álcool, vestígios de gasolina, isqueiro e também uma placa de incêndio. Ela estava afixada na porta do cômodo em que ele dormia. A polícia chegou até o endereço por meio de investigações.

"Pelo perfil dele temos certeza que é um piromaníaco mesmo", pontuou Camapum.

O guianense está irregular no Brasil mas, segundo o delegado, não deve ser deportado em razão dos crimes pelos quais agora vai responder. Ele foi autuado em flagrante por tripla tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas, que estavam dormindo no momento dos ataques

Ataques a residências

Foram dois incêndios registrados em três dias em casas no bairro Mecejana, na zona Oeste da capital, onde moram os imigrantes. Câmeras de segurança flagraram ambos os crimes.

O primeiro ataque ocorreu na madrugada de segunda (5) e uma mulher de 24 anos foi atingida pelas chamas enquanto dormia em uma rede na varanda de casa. Um homem também se machucou. Ao todo, 31 imigrantes moram nessa casa.

O segundo ataque foi na terça (8) quando uma menina de 3 anos e o pai dela ficaram feridos após os suspeito atear fogo no quarto onde as vítimas dormiam. Nessa residência vivem 13 pessoas.

A menina teve queimaduras de segundo grau e está internada no Hospital da Criança. O pai permanece na ala de trauma do Hospital Geral de Roraima e teve 36% do corpo queimado. Apenas a mãe da criança recebeu alta.

Segundo o delegado do caso, o guianense também é o autor de um ataque semelhante em um posto de gasolina em janeiro. Na ocasião, um venezuelano ficou ferido. O posto fica ao lado da casa onde ocorreu o segundo incêndio. "Também foi ele, mas a vítima não procurou a polícia".

Venezuelanos em Roraima

Desde 2015, milhares de venezuelanos tem migrado para Roraima em busca de qualidade de vida. No estado, eles reclamam da crise no país vizinho, falta de comida, medicamento, emprego e segurança. Quatro abrigos para imigrantes foram criados em Roraima para receber venezuelanos em dificuldades, mas muitos vivem nas ruas ou dividindo casas alugadas.

Na capital, Boa Vista, centenas de imigrantes são vistos nas ruas da cidade, praças e avenidas pedindo comida e emprego. Eles também fazem fila todos os dias em frente a sede da Polícia Federal para conseguir o visto de permanência no país.

Na quinta-feira (8) os ministros da Justiça, Torquato Jardim, Defesa, Raul Jungmann, e do Gabienete de Segurança Internacional, Sérgio Etchegoyen, estiveram em Boa Vista para discutir medidas para o intenso fluxo de imigrantes do estado. Na segunda (12), o presidente Michel Temer (PMDB) também deve viajar para o estado.

Por Emily Costa, G1 RR
Fonte: g1 globo

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