Para essa aventura, que vem sendo planejada há dois anos, ele montou uma estrutura de cuidados tanto para ele quanto para os animais que o acompanham nessa missão. A previsão é de que Josemar chegue a São Gonçalo no dia 15 de abril e a festa da filha, Beatriz Fernandes, 22 anos, será no dia 21 do mesmo mês.
Vão ser cerca de dois mil quilômetros percorridos até que ele reencontre a filha. Para essa longa viagem, ele fez um orçamento de cerca de R$ 15 mil e mais do que coragem para cumprir a promessa, ele precisou também de companhia.
Por esse motivo, a esposa dele, a dona de casa Lucimar Dantas, 51 anos, segue com ele na viagem, além de um casal de amigos, o produtor rural Cícero Duarte, 41 anos, e a dona de casa Maria das Graças, 36 anos. O casal é de Poço de José de Moura, também no Sertão da Paraíba, e conheceu os pais de Beatriz durante o planejamento da viagem.
Josemar é natural de Coremas, na Paraíba, mas ainda criança se mudou para São Gonçalo, onde morava a esposa, e há 29 anos foram morar em Brasília. Todos os anos ele visita o lugar onde passou boa parte da infância e da adolescência. Cavalgando, é a primeira vez que faz a viagem, o que está sendo ainda mais especial.
“Eu sempre tive vontade de fazer uma viagem longa a cavalo. Gosto muito de cavalgar. E quando Beatriz foi para Sousa fazer medicina veterinária eu achei que ela não ia aguentar, ia voltar para casa. Aí fiz a promessa e agora estou cumprindo”, explicou o supervisor de obras.
Lucimar Dantas, esposa de Josemar de Oliveira, está sendo compaheira de viagem do esposo para participarem de formatura da filha (Foto: Beatriz Fernandes/Arquivo Pessoal)
Roteiro passa por cinco estados até a Paraíba
No roteiro da viagem, que partiu de Brasília em uma cavalgada até a saída da capital, está a passagem pelos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará, até chegar à Paraíba. Para conseguir concluir todo esse trajeto, foi montada uma operação entre os viajantes.
As mulheres seguem em uma caminhonete onde tem alimentação e outros itens para dar suporte à viagem, cuja maior parte é para os bichos, incluindo ainda medicamentos. Há também um trailer para levar a ração dos animais e para eles serem transportados em algumas circunstâncias. Isso porque os homens alternam a cavalgada em três animais, sendo uma mula (Tesoura), um burro (Alicate) e uma égua (Bella), e vão uma parte no carro.
Dos 2 mil km do percurso, a pretensão de Josemar é fazer pelo menos 1,4 mil km montado e o restante no automóvel. Segundo ele, não dá para fazer a viagem toda cavalgando devido às condições das rodovias, do cansaço para eles e para os animais.
Josemar fez questão de levar um mapa em vez de um GPS para visualizar melhor o caminho e evitar ao máximo o asfalto, cavalgando apenas na estrada de terra. Durante quase um mês de viagem, o grupo deve percorrer ao menos 50 km diários.
Pai fez questão de levar um mapa em vez de um GPS para seguir roteiro de viagem (Foto: Beatriz Fernandes/Arquivo Pessoal)
Rotina cansativa e ansiedade pelo reencontro
A cada dia, depois do café da manhã, as mulheres seguem a viagem de carro na frente e montam um lugar para fazer o almoço, onde esperam por Josemar e Cícero. Toda vez que param, eles soltam os animais para descansarem e comerem também.
Quando o sol esfria um pouco, eles voltam a cavalgar até escurecer e chegarem em algum ponto que dê para dormir. É nesse momento em que eles tentam estabelecer um contato com a família, que está sendo feito por meio da Internet.
Ao amanhecer, o grupo se prepara para mais um dia de aventura. Os viajantes chegaram a criar um perfil em uma rede social para manter familiares e amigos atualizados a respeito do que acontece pelo caminho.
Rede social ajuda a divulgar roteiro de viagem do grupo (Foto: Beatriz Fernandes/Arquivo Pessoal)
Para Maria das Graças e Cícero, casal que acompanha os pais de Beatriz, a experiência está sendo maravilhosa. A mãe, Lucimar, ressalta os desafios encontrados pelo caminho e os ensinamentos que isso tem lhes proporcionado. “A gente te que tá preparado para tudo. Tomar banho, não tomar, cozinhar onde estiver. Para mim está sendo uma experiência nova e eu tô aprendendo muito a ser mais humilde. Tô curtindo muito, mas não é fácil”, pontuou.
Diante de todo esse esforço um sentimento prevalece. No coração, o pai carrega a ansiedade pelo reencontro com a filha, que vai recompensar cada momento difícil. “O sentimento é de alegria!”, enfatizou. “É cumprir com aquilo que foi prometido. Todo pai quando consegue formar alguém da família é muito gratificante. E eu sou um amante do cavalo e da vida no campo. Tá junto com ele nessa é outra realização. Poder voltar a minha cidade da forma que eu sonhei, é melhor ainda”, concluiu.
Cavalgada para comemorar chegada ao Sertão
Enquanto de um lado é grande a ansiedade de Josemar, Lucimar, Cícero e Maria das Graças, de outro, Beatriz também espera a chegada dos pais e dos amigos, que vão ser recebidos com uma cavalgada de Cajazeiras a São Gonçalo.
Ela espera pelo grupo com um pouco de receio pelos perigos aos quais os viajantes estão expostos no caminho. Mas o gesto do pai, que foi apoiado e abraçado pela mãe e pelo casal de amigos, é motivo de orgulho para ela. “Eu me sinto honrada e muito amada por ele fazer algo tão grandioso por causa de uma promessa que ele um dia me fez. Eu fico com o coração na mão aqui por estar longe. Acho que todo o amor que tenho pela profissão, foi pelo amor que ele me passou desde pequena pelos cavalos, principalmente”, comentou Beatriz.
Enquanto o reencontro ainda não acontece, a família se une pela certeza de que o esforço valerá a pena quando houver a concretização de um sonho idealizado por Josemar e Beatriz e que acabou contagiando toda a família.
Por Eloyna Alves, G1 PB
Fonte: g1 globo
coitado do cavalo que carregou esse homem por 2 mil km
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