Na região de Bauru (SP), cachorros, gatos, répteis, coelhos e tartarugas já têm um lugar para serem enterrados: um cemitério de animais foi inaugurado oficialmente em Agudose cumpre as exigências ambientais.
O proprietário do memorial de Agudos, o advogado Alexandre Martins Perpétuo, decidiu abrir o local após seu gato "Tom" morrer. Ele conta que não queria apenas levá-lo para um aterro, como o veterinário sugeriu. Alexandre então pesquisou outras opções e conheceu o cemitério de Botucatu. A partir dessa experiência, ele decidiu investir no setor.
Até então, os moradores da região que quisessem enterrar seus bichinhos de estimação tinham como opções Botucatu e Sorocaba, cidades mais próximas que têm cemitérios de animais. Sem os locais apropriados, os animais são levados para aterros sanitários ou enterrados em terrenos baldios.
O cemitério foi projetado pensando nas técnicas de sustentabilidade. O advogado afirma que a finalidade é atender a necessidade de um local específico para animais. “Minha fonte de renda é a advocacia. No cemitério, estou trabalhando no meu tempo. Aos poucos estamos colocando em prática o projeto, que utiliza materiais sustentáveis. O lugar é para trazer conforto para os donos dos animais, que quando vierem visitá-los, terão um ambiente agradável."
O dono do cemitério para animais conta que há exigências para abrir o local. Após as adequações, a autorização foi liberada. "A cada três meses é necessário analisar o solo para manter a qualidade. A batalha foi grande porque há exigências ambientais pesadas”, enfatiza o advogado.
Para evitar a contaminação do solo pelo necro-chorume, os animais são enterrados em urnas especiais. "Elas são feitas de materiais recicláveus e preparadas com bactérias anaeróbicas, que consomem o líquido e protegem o solo", explica. O valor da urna já está incluso nas despesas do enterro no memorial.
Além desses cuidados necessários, Alexandre pensou em deixar um lugar mais bonito e aconchegante para a visitação, por isso o espaço ainda contará com um mini zoológico. "Teremos patos, viveiro com pássaros e outros animais", diz Alexandre. O memorial já tem um lago ornamental com vários peixes, que fica ao lado do escritório do cemitério.
O local possui duas salas para preparação dos animais e o dono pode escolher a forma de sepultamento, individual ou coletivo. Os preços variam de R$ 100 a R$ 150 para os coletivos e, entre R$ 400 e R$ 600, para o individual, que também tem uma taxa de manutenção de R$ 15 por mês. O memorial pet, que deve abranger as cidades em um raio de 150 quilômetros de Agudos, fica no Distrito Industrial, próximo a entrada principal do município.
Em comparação com o sepultamento de corpos humanos, o custo para o enterro de animais segue valores semelhantes aos mais simples. O enterro em cemitérios de Bauru, somando a concessão de terreno e taxa de sepultamento em cemitérios municipais, o que tem valor mais baixo, fica em cerca de R$ 700. Já no mais caro, o valor pode passar de R$ 2,5 mil.
Espaço para guardar na memória
O memorial já teve oito enterros, dois deles em espaços individuais. "Branca", uma boxer de 9 anos, era a companheira do morador de Bauru, José Antônio Otero, que não aceitava a ideia de mandá-la para um aterro sanitário.A cachorra foi diagnosticada com câncer e o filho de Otero, que é veterinário, contou que após morrer, esse seria o destino do corpo do animal. “Não aceitei, disse que levaria para São Paulo se fosse necessário.”
Otero ficou sabendo do cemitério de Agudos, que fica apenas 19 km de Bauru, onde resolveu enterrar a cadela. O espaço onde ela está enterrada ainda não conta com lápide, mas Otero avisa que vai colocar até foto para lembrar da companheira. “Ela foi minha amiga, companheira. Ela não era um guarda, apenas uma amiga. É um amor sem cobranças. O cachorro não te exige nada, apenas carinho”, lembra emocionado.
Fonte: g1.globo.com