Estudante adota ginástica cerebral para melhorar nota do vestibular

http://goo.gl/K4zdjE | A ginástica cerebral foi a estratégia adotada pela adolescente Camila Gabrielle de Almeida (foto esquerda), de 17 anos, para se diferenciar dos demais candidatos que buscam uma vaga no Ensino Superior. Além da rotina intensa de estudo das disciplinas tradicionais, ela reserva duas horas por semana para exercícios com ábaco, de raciocínio lógico e jogos de tabuleiro ou online. Tudo para dar agilidade ao cérebro (foto direita), conseguir responder às questões com mais eficiência e assim conseguir realizar o sonho de ser médica.

O método utilizado por Camila, que mora em Londrina, na região norte do Paraná, recebeu o nome de Supera e foi desenvolvido por um brasileiro, em 2006. Antônio Carlos Guarini Perpétuo percebeu que o filho tinha dificuldade na escola e criou um mecanismo para que a criança conseguisse se concentrar e aprender melhor. Hoje, a técnica se expandiu e está presente em diversas cidades do Brasil e em Lisboa, em Portugal.

“Eu tenho um pouco de déficit de atenção, então, eu precisava de algo que me ajudasse na concentração. Eu aprendi que mesmo que tenha barulho ou outra coisa, que seria mais interessante do que estudar, é sempre importante manter o foco. Eu aprendi a separar os sons, prestar mais atenção no que eu estou fazendo”, conta a estudante.

Camila aderiu ao Supera em fevereiro deste ano já pensando em se sair bem nesta verdadeira maratona de vestibulares imposta aos estudantes que terminam o Ensino Médio. A batalha dela não é fácil, afinal, o curso de Medicina é tradicionalmente muito concorrido nas universidades do país.

A jovem acredita que nestes oito meses aprendeu a compreender melhor o que a questão da prova pede. Ela menciona que também recorre a um material didático oferecido pelo curso de ginástica cerebral que contém exercícios de raciocínio lógico. “Ajuda bastante a responder os problemas do Enem, por exemplo, porque a matemática do Enem é bem esta parte de lógica, eu vejo que estou conseguindo assimilar melhor”. Camila precisa de uma boa nota no Enem, para tentar uma bolsa de estudo via Prouni, caso não seja aprovada Universidade Estadual de Londrina (UEL). “Eu ainda não tive coragem de corrigir a prova, mas acho que fui muito bem”.

Estimulo ao cérebro

A neurocientista Carla Tieppo explica que se acreditava que a inteligência não poderia ser estimulada, que era algo que se tinha ou não na carga genética. Hoje, porém, sabe-se que é possível estimular determinadas tarefas do cérebro que podem melhorar o desempenho intelectual.

A ginástica cerebral adotada por Camila desenvolve, entre outras funções, a memória de trabalho que, de acordo com Tieppo, é a capacidade que o ser humano tem manter na mente informações que são relevantes para a tarefa que é realizada no momento. “Quando o estudante lê uma questão em uma prova, por exemplo, se a questão é muito complexa e a memória de trabalho dele é ruim, ele tem dificuldade de compreender o que está sendo pedido. A memória de trabalho ajuda na compreensão do texto, na compreensão da linguagem”, acrescentou a neurocientista.

Não existe um estudo científico que demonstre em quanto tempo as pessoas que aderem à ginástica cerebral começam a perceber os resultados. Segundo Tieppo, a avaliação subjetiva dos alunos aponta melhora no desempenho do cérebro a partir do sexto mês. A neurocientista cita também pesquisas internacionais, feitas com base em outros métodos de ginástica cerebral, que definem o prazo entre quatro e seis meses.

Tieppo enfatiza que não é qualquer exercício que aperfeiçoa a memória de trabalho e que é necessário adotar medidas específicas para isso. A ginástica cerebral faz com o estudante se destaque, principalmente, nas questões mais complexas. “Ele encontra soluções para determinadas perguntas, que são mais difíceis, que não são tão óbvias. Ele vai treinando esta habilidade de encontrar uma agulha no palheiro”.

A ginástica cerebral prepara o aluno para ter eficiência no estudo, entretanto, não pode ser algo isolado. “Não adianta a pessoa ir ao cursinho e depois não estudar em casa. O que a neurociência fala sobre estes processos é que o estudo deve ser diário, cotidiano e atualizado. Se você aprende uma coisa de manhã, de tarde você tem que estudar sobre esta coisa. A ginástica cerebral não vai melhorar o desempenho do aluno se ele não estudar. Ele não vai ficar gênio e, de uma hora para outra, entender sobe tudo”.

Existe ainda o desgaste físico provocado pelas quatro ou cinco horas de prova. Segundo a neurocientista, quando alguém tem esta memória de trabalho bem desenvolvida, a área do cérebro que desenvolve esta função funciona melhor. "Então, quando você treina, você aumenta a eficiência desta área, portanto, consegue ter mais energia para fazer provas mais longas, o que é típico de vestibulares e concursos público", acrescenta Tieppo. Em média, aqueles que não são treinados, após uma hora e meia de prova,demonstram cansaço acentuado, derrubando o desempenho no exame.

Uma vez inserido neste processo de ginástica cerebral e com treinos contínuos, o estudante – ou qualquer pessoa que tenha aderido ao método – não perde a capacidade e a agilidade adquirida. “Tudo em relação ao cérebro é diretamente relacionado ao quanto você coloca em prática. Os circuitos de neurônios que se formam podem diminuir a atividade conforme vai diminuindo o uso. Então, se você continuar exercendo uma profissão, exercendo uma atividade que exija de você a capacidade desenvolvida, você não perde”, explicou a neurocientista. Quem quer praticar em casa pode aderir a leitura - sempre muito recomendada - e a relização de charadas, exercícios de Sudoko e de racioncício lógico.

Fonte: g1.globo.com
Anterior Próxima