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Redação e Educação

http://goo.gl/KutPm5 | Há algumas semanas atrás tivemos duas notícias que refletem um pouco a realidade educacional brasileira e também nossos processos de seleção para o ingresso no ensino superior. No ENEM tivemos uma quantidade razoável de alunos que zeraram a redação e no vestibular da UEPG tivemos alunos que com nota zero nas redações aprovados no vestibular. Não há como ingressar em uma universidade sem a qualidade de leitura e escrita que a produção acadêmica exige.

Os processos de seleção das universidades que trazem a meu ver duas situações que devem ser revistas. Em primeiro lugar, privilegia o eruditismo e não a capacidade de resolução de problemas, pois são muitos os conteúdos desnecessários cobrados forçando o jovem a preocupar-se mais com a quantidade do que com a qualidade do conhecimento.

Outro ponto é a redação, que apesar de conter um caráter subjetivo, é de extrema importância neste processo e deve ser fundamental, não só nos processos de seleção, mas também nos processos avaliativos de nossas escolas. Por vários fatores o aluno poderá zerar na redação, porém assim como na escola, ele terá outra chance em outro vestibular para tentar a vaga no ensino superior.

Além do vestibular, nós temos a escola que é responsável por uma parcela da formação do aluno e que tem sofrido nos últimos 20 anos com as mudanças de tendências pedagógicas e ações governamentais. Trabalho em uma escola com uma estrutura precária, com salas de madeira construídas temporariamente há dez anos e que durante os dias quentes torna a permanência em seu interior insuportável, e uma biblioteca que divide um pequeno espaço com o laboratório de informática. Mesmo com estas dificuldades alguns professores conseguem desenvolver um bom trabalho de leitura, interpretação e produção de textos, porém com um ambiente adequado esta situação poderia ser melhor.

Além da estrutura da escola, sofremos de maneira velada, uma pressão para a diminuição dos índices de reprovação e desistência. Até o inicio da década de 90, a média era 7 e só estudava quem queria ou podia, porém este panorama mudou com a obrigatoriedade do ensino fundamental, a média mudou para 6, depois para 5, retornando para 6. Jovens que não queriam estudar e que muitas vezes não tinham o incentivo familiar engrossaram os índices de abandono e de reprovação nas escolas forçando o governo a criar programas e projetos que buscavam diminuir os números negativos da educação, e que estavam vinculados a verbas que o Estado e os municípios recebiam. Isto criou uma prática tendenciosa de limitação de reprovação, no qual muitos alunos eram aprovados para as séries seguintes sem ter alcançado o domínio dos conteúdos de anos anteriores.

Por ser a educação um assunto delicado e complexo, este artigo pretende somente expor um ponto de vista, deixando para os pesquisadores/pensadores o trabalho da reflexão.

Por Marcelo Kloster
Fonte: arede.info
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