O perfil do candidato que as universidades americanas querem

http://goo.gl/visW2O | Ao contrário do que você talvez imagine, ser aprovado numa universidade norte-americana é relativamente fácil. É que muitas escolas dos Estados Unidos querem estrangeiros em suas salas de aula, diz Ana Virgínia Kesselring, especialista na preparação de candidatos para cursos no exterior.

"Se você é de fora, paga uma mensalidade mais alta do que o aluno nascido no país, daí o interesse das instituições", explica ela.

Se dinheiro não for o problema, o candidato sequer precisa ter um desempenho excepcional para ser aceito numa faculdade do país. Afinal, diz a especialista, existe oferta para todos os perfis de aluno, com diferentes graus de exigência.

Difícil mesmo é ser admitido na graduação ou na pós-graduação das grandes instituições de ensino superior dos Estados Unidos.

Titãs como Harvard, MIT ou Yale, por exemplo, são figurinhas carimbadas na maioria dos rankings de melhores universidades do mundo - e, com toda a razão, aplicam rigorosos processos seletivos.

Mas você está enganado se pensa que o crivo dessas instituições é meramente uma prova mais assustadora do que o normal.

"Elas aplicam um processo mais qualitativo, para saber quem você é e como pode contribuir para o seu meio”, explica Ana Virgínia. Por isso, além de provar seu excelente desempenho acadêmico, o estudante deve exibir suas conquistas pessoais e extracurriculares.

Etapas necessárias

Graças à sua complexidade, o processo seletivo das melhores universidades dos EUA exige pelo menos um ano de preparação, inclusive para quem busca a pós-graduação.

São aplicadas provas padronizadas - o SAT ou ACT para quem mira a graduação, e o GMAT ou GRE para candidatos à pós-graduação. No caso dos estrangeiros, também é preciso ser aprovado num exame de proficiência em inglês.

Outros documentos essenciais são histórico escolar (em tradução juramentada), currículo acadêmico ou profissional, além de cartas de recomendação.

O candidato também deve escrever uma série de pequenas redações, entre os quais está um texto de apresentação (o chamado “personal statement”), em que contará sua história pessoal. Em algumas seleções para pós-graduação, também há entrevistas.

Brasileiros aprovados

O estudante Gustavo Torres passou em cinco processos seletivos - e não quaisquer. Aos 17 anos, recebeu a luz verde de Harvard, Stanford, MIT, Columbia e Duke. Até o fim do próximo mês, ele deve escolher a instituição em que vai se matricular.

Seu boletim recheado de boas notas não é o único motivo para as múltiplas aprovações. Gustavo deu aulas, participou de olimpíadas científicas, frequentou eventos de empreendedorismo, e ainda teve fôlego para cofundar o projeto social “Descobrindo o Sonho Jovem”.

“Eles apostam que vou dar resultados”, diz o estudante. “Até agora não fiz coisas muito grandes, mas acho que olharam para minha história, viram o quanto tenho crescido e o quanto quero crescer”.

Atividades extracurriculares também foram uma preocupação de Matheus Dias, de 18 anos, recém-admitido na Duke University.

“Fiz teatro por cinco anos, trabalhei numa ONG, aprendi violão e participei de várias competições de Model United Nations no Brasil e na Bolívia, ajudando a fundar um grupo de debates na minha escola”, conta ele.

O candidato perfeito

Não existe "receita de bolo" para ser aceito em universidades da envergadura de Yale ou Harvard, mas é fato que os aprovados costumam ter certos pontos em comum. Veja alguns deles, a seguir:

1. É bom aluno (desde sempre)

Ter um desempenho arrasador nas provas do SAT ou no GMAT não basta. Para garantir a sua vaga, é preciso exibir um boletim historicamente brilhante.

Candidatos à graduação devem ter notas boas desde o 1º ano do ensino médio, enquanto aqueles que miram a pós-graduação precisam sido ótimos alunos na faculdade. “Se você não era um dos primeiros da classe, dificilmente será aceito pelas instituições mais renomadas", diz Ana Virgínia.

2. Tem destaque em atividades extracurriculares 

No entanto, provar um histórico de excelência acadêmica não basta. É preciso demonstrar paixões e interesses que nada tenham a ver com as disciplinas tradicionais.

Esportes, artes, trabalho voluntário, olimpíadas científicas - o importante é se destacar em atividades paralelas. "Se você estudou violão por anos, por exemplo, mostra que tem resiliência, paixão e capacidade de atingir um objetivo”, explica Ana.

3. Comprova domínio do inglês 

Nem adianta insistir: se você não fala inglês, não há conversa - literalmente. TOEFL e IELTS costumam ser os exames de proficiência no idioma mais pedidos.

Segundo Ana Virgínia, as notas exigidas na prova variam de universidade para universidade. Entre as 10 melhores instituições dos Estados Unidos, porém, costumam ser entre 90 e 100 para a graduação e acima de 100 para a pós-graduação.

4. É engajado e visionário

Ana Virgínia cita o caso de Larissa Maranhão, vencedora do Prêmio Jovens Inspiradores e aprovada em Harvard aos 19 anos, para ilustrar a importância atribuída pelas universidades americanas à sensibilidade social do candidato.

Além de preencher outros requisitos, Larissa impressionou Harvard com seu projeto “Red”, blog em que ajudava outros estudantes a se prepararem para a redação do Enem. “Sociedade que escreve bem funciona bem, e o Brasil está longe de atingir esse ideal. Mas essa é a realidade que o meu projeto quer transformar”, diz a jovem em seu canal no YouTube.

Segundo Ana Virgínia, as melhores universidades valorizam a preocupação do estudante com o seu entorno. "Os candidatos mais desejados são os que sonham grande e demonstram potencial para mudar o seu próprio ambiente”, afirma.

Fonte: exame.abril.com.br
Anterior Próxima