Em Curitiba, ex-presidente do TST defende políticas contra o 'racismo institucionalizado'

http://goo.gl/mJgnVV | Palestrante convidado do seminário "Discriminação e Racismo no Ambiente de Trabalho", promovido pela Comissão de Igualdade Racial da OAB-PR, o ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, defendeu o sistema de cotas raciais e disse que o País ainda precisa de políticas que combatam o "racismo historicamente institucionalizado". Segundo o ministro, apesar da igualdade formal perante a lei, nas próprias instituições os negros (pretos e pardos) são excluídos das esferas de decisão. "Quando houve a proclamação da república o negro foi considerado inadequado para aquele momento novo", lembrou Reis de Paula, citando o economista Celso Furtado.

O ministro considerou a política de cotas raciais uma forma válida de reparar desigualdades históricas, mas, o mais importante, segundo ele, é a criação de mecanismos para que todos possam concorrer em igualdade de condições. "É fundamental que nós (negros) gostemos de nós mesmos, que saibamos que temos valor e que ocupemos nosso espaço", declarou.

O seminário sobre o racismo no ambiente de trabalho, realizado nesta quarta-feira (21/10) em Curitiba, reuniu advogados, magistrados, procuradores de Justiça e líderes do movimento negro. Teve apoio institucional do TRT-PR, representado pela vice-presidente, desembargadora Ana Carolina Zaina.

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do Paraná, Gláucio Araújo de Oliveira, apresentou ao público o trabalho desenvolvido pelo MPT na busca de eliminar quaisquer tipos de desigualdades nas relações de trabalho, como raça, gênero ou orientação sexual. Para ele, as multas administrativas têm muitas vezes valor irrisório, o que dificulta a mudança de cultura das empresas.

Durante o evento, o advogado Oscar Nascimento, de 86 anos, recebeu homenagem da OAB por sua história em defesa da igualdade racial. Ele hoje é o advogado negro há mais tempo em atividade no Paraná. Lembrou que era o único negro quando se formou em economia, tendo que colar grau na secretaria do curso, e não com os demais estudantes. "Fiz Direito para atuar contra o preconceito, sou do movimento negro, mas sou antes um negro em movimento", disse.

“Nascimento é um espelho para os advogados que estão iniciando a profissão. O seu exemplo, nestes 49 anos dedicados à advocacia, nos motiva a continuar defendendo a justiça com dignidade e respeito”, ressaltou o presidente da Comissão de Igualdade Racial e de Gênero da OAB-PR, Mesael Caetano dos Santos. Para a desembargadora Ana Carolina Zaina, há muito que se avançar ainda no enfrentamento da discriminação racial. "O racismo no Brasil é muito cruel, porque vem de forma velada, sob a forma de preconceito", observou.

Fonte: Pndt

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