'Não era amor, era posse': advogada de 39 anos chegou a ser trancada em casa pelo ex-marido

goo.gl/5nbXj9 | A advogada G.M.R, de 39 anos, [cuja identidade será preservada], conta que sempre trabalhou muito até conseguir realizar o sonho de se formar e passar no exame da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB). A ascensão profissional, no entanto, agravou os problemas com o companheiro, cujo relacionamento terminou quando ele a arrastou de carro na garagem de seu apartamento. “Foi quando falei: ele vai chegar ao ponto de me matar”, lembra ela, hoje sob efeito de medida protetiva.

Com namoro iniciado em 2009, ela foi morar com o companheiro no ano seguinte. Dois anos depois começaram as agressões psicológicas, mesma época em que ela foi aprovada no exame da OAB. “Ele dizia que eu seria uma profissional medíocre”, conta.

No meio dos problemas, veio a mudança de cidade que a afastou da família. “Eu não podia visitar meus parentes sozinha. Ele pensava que se eu saísse do círculo de convivência dele, alguém iria ficar sabendo da nossa situação”, explica.

Em 2015, com a gravidez, aumentaram as restrições. “Eu já não atuava mais como advogada. Ele passou a sair e me trancar em casa, levava o controle do portão”, diz. Quando o filho nasceu, ela decidiu colocar um basta nas agressões e voltou a Campo Grande. “Vim toda marcada, com o braço roxo. Depois de um tempo consegui uma vaga na rede pública para colocar o meu filho e comecei a trabalhar”, relembra.

Controle mesmo após a separação


Mesmo sem uma vida em comum, as brigas continuaram. “Um dia ele veio a Campo Grande e achou uma rolha de vinho na cozinha. Fez um escândalo dizendo que eu estava me relacionando com outra pessoa”, conta. Ela pediu então que o ex marido fosse embora e só retornasse quando estivesse mais calmo e ele atendeu, mas vinte minutos depois voltou ao apartamento.

A advogada lembra que concordou em almoçar com ele e o filho pequeno em um restaurante. Colocou a criança no carro, mas foi impedida de subir no veículo. Com o braço preso na porta, foi arrastada pela garagem de seu condomínio. Temendo por sua vida, decidiu fazer a denúncia. “Os vizinhos que presenciaram foram os primeiros a apoiar. Sem apoio a gente não consegue fazer isso porque nossa sociedade é repleta de machismo”, observa.

Há cinco meses trabalhando como advogada, ela diz que está se empoderando e que as sessões de terapia no Centro Especializado de Apoio à Mulher (Ceam), do Governo do Estado, a ajudaram a tomar as rédeas da sua vida. “Quando cheguei aqui era outra pessoa, minha psicóloga sabe o estado em que eu estava. Até minhas roupas, meu cabelo, tudo refletia isso. Se não fosse esse apoio que tive aqui não sei como seria. A preocupação delas com a gente é constante”, comenta.

Para mulheres que passam por situações de abuso, orienta que denunciem. “Nossa sociedade é machista, mas temos as leis, vocês não estão sozinhas nisso, a ajuda está aqui”, conclui. O Ceam atende de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, na Rua Pedro celestino, n.º 437, Centro, e também pelo telefone 0800671236.

Fonte: www.campograndenews.com.br

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