Por que o iPhone é o preferido dos criminosos? (Artigo) de Fernanda Tasinaffo

goo.gl/Ms2MhS | Desde o início da humanidade, as relações entre os homens eram recheadas de segredos. Segredos esses familiares, de guerra, pessoais e outros mais. Com isso, o homem sentiu uma necessidade em guardar os segredos, protegendo-os de possíveis adversários que quisessem obter alguma vantagem em posse deles.

Com base nisso, algumas pessoas criaram uma técnica para esconder determinadas informações, visando protegê-las de qualquer acesso não autorizado. Essa técnica é denominada criptografia.

A criptografia é considerada como a arte, ciência, engenharia que estuda técnicas com o fim de fornecer serviços de segurança, em especial em sistemas computacionais. E quando se fala em criptografia, atualmente, se tem como referência os dispositivos da marca Apple.

A Apple teve seu marco inicial em 1976 e foi fundada por Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne, que, a princípio, criaram apenas modelos de computadores, mas que já foi um grande passo para a tecnologia e para a evolução da empresa naquela época.

Somente em junho de 2007 foi lançado o primeiro iPhone, denominado 2G, com tela touch screen, capacidade de armazenamento de até 16GB, mas que não possuía GPS nem gravação de vídeos. Atualmente, a Apple está com a versão do iPhone X, contando com características como o Face ID (reconhecimento facial), resistência à água e carregador sem fio.

Mas, para que todas as funções explanadas funcionem no referido dispositivo, necessário possuir um sistema operacional, e quando se trata de iPhone, existe o IOS, sistema operacional móvel criado pela empresa Apple.

Este sistema foi criado com várias camadas de segurança, possuindo uma criptografia rígida dos dados de transmissão, métodos de autenticação comprovados para acesso a serviços corporativos, além de criptografia de hardware para todos os dados em repouso.

Inclusive, o iPhone utiliza a codificação AES de 256 bits para proteger os dados armazenados no dispositivo, o que inclusive está sempre ativo no celular, não podendo ser desativado pelo usuário.

Ainda, o IOS oferece segurança através da sua política de senha, podendo esta ser disponibilizada e ativada remotamente, e caso o celular recaia sob a posse de criminosos, os usuários bem como os administradores de TI podem iniciar o comando de apagamento remoto, e consequentemente todos os dados serão excluídos do referido aparelho.

Com relação à segurança do dispositivo, o IOS estabelece políticas rígidas de acesso ao aparelho, como o caso das senha que é definida pelo próprio usuário, gerando uma chave de criptografia forte para maior proteção do celular.

Essa senha impede o acesso de usuário não autorizado a todos os arquivos que o aparelho contém, e, ainda, esse sistema operacional permite ao titular do dispositivo escolher entre várias opções de requisitos de senha de acordo com o que julgar mais seguro.

Outro ponto muito relevante com relação à segurança do dispositivo via sistema operacional IOS é no que tange ao apagamento total de dados do aparelho.

Isto é, os dispositivos podem ser configurados para iniciar o apagamento de tudo que contém automaticamente após várias tentativas errôneas de informar a senha, onde com uma senha o usuário pode acionar o apagamento local diretamente através das configurações.

Mas, por padrão da Apple, o IOS apagará todo o conteúdo automaticamente após dez tentativas de digitação mal sucedida de senha. Caso o usuário esqueça a senha inserida, ele terá de resetar o aparelho via backup realizado no Itunes ou no Icloud.

Diante de todo este cenário de proteção atribuído pelo iPhone, é certo que este atrai também criminosos, visto que estes não querem que dados com planos ilícitos sejam expostos e capturados pelo Estado.

O grupo terrorista do Estado Islâmico estava utilizando o aplicativo Telegram para planejar seus ataques, uma vez que o chat de conversas, que é similar ao WhatsApp, possui um diferencial que é a possibilidade de realizar uma conversa secreta, anônima, onde não se sabe o teor da mensagem e nem quem está conversando.

Agora, preferir o dispositivo iPhone é mais do que evidente, pois todos os padrões impostos pelo sistema IOS também dão a segurança que os criminosos precisam em não ter seus dados capturados pelo Estado.

Inclusive, o fato de os criminosos trocarem informações por Telegram, por exemplo, exige por óbvio que exista um dispositivo para tanto, e utilizar um iPhone dificulta duplamente o acesso ao conteúdo dentro do celular, pois em um primeiro momento não se verifica as mensagens trocadas pela criptografia do aplicativo, e também não se acessa o teor do dispositivo, pela criptografia do aparelho.

Um documento direcionado à justiça que estava responsável em cuidar do caso emblemático do atirador de San Bernardino, continha a informação de que os criminosos têm o iPhone como seu “dispositivo de escolha”, e o Departamento de Justiça dos EUA está ciente de que os mesmos estão trocando telefones descartáveis por iPhones.

O documento da Federal Law Enforcement Officers Association e mais outras duas entidades também mencionaram um telefone interceptado por autoridades de Nova York em 2015, que expunha um preso dizendo que o sistema operacional da Apple IOS é um “dom de Deus”.

Percebe-se que os criminosos não têm limites, e vão usufruir de tudo que a tecnologia oferece para permanecerem conectados com os demais integrantes de seus grupos.

Sem sombra de dúvidas o dispositivo iPhones é o aparelho mais vendido no mundo, e entre todos os usuários que optam obtê-los, milhares deles são criminosos.

Não importa o canal utilizado, seja por um aplicativo de conversa, seja por troca de mensagens via IMessage, o celular iPhone é um dispositivo de segurança, e quebrar a sua senha de acesso é praticamente impossível, o que atrai então, pessoas mal intencionadas.

De um lado, existe o combate à criminalidade; de outro, a luta em preservar a segurança e privacidade de todos, e lidar com o fato de que a tecnologia favorece ambos os lados vai ser uma guerra constante.

Por fim, o fato de a empresa Apple manter o seu software com um modelo de criptografia capaz de proteger tudo o que for inserido dentro do dispositivo iPhone trará cada vez mais pessoas com más intenções para usufruir dos seus serviços.

Mas nem por isso se deve considerar o iPhone como um dispositivo que apenas favorece a ocorrência de ilícitos, e sim como uma nova realidade quando o assunto é privacidade, que tende a se aprimorar a cada dia que passa, devendo o Estado estar preparado para encarar o fato de todos lutarem pela proteção de seus dados, mas em contrapartida, ser um obstáculo para o acesso à informações para investigações.

Por Fernanda Tasinaffo
Fonte: Canal Ciências Criminais

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