Aos jovens advogados: vamos lutar pelo nosso futuro na advocacia - Por Bruno Avila Valério

goo.gl/xwbnyc | Uma mudança urgente é necessária na advocacia. Não é uma questão de quem merece mais ou menos, qual profissão é mais importante ou de uma classe que se acha superior às outras. Em verdade, é muito mais uma luta interna por valorização de uma profissão “sucateada”.

São tantos pontos e tão pouco tempo para escrever, que peço vênia para me amarrar em um só: os jovens advogados e o nosso futuro.

Em sua maioria, os jovens passam por longos e caros cursos de direito, aonde já se deparam, por vezes, com a má vontade e demais vícios dos professores. Ora, sejamos claros, poucos professores de direito são de fato professores, uma grande parcela o faz por publicidade e títulos. Esta é a primeira desilusão, a faculdade de direito não é aquilo que sonhamos e idealizamos.

Após a formatura, vem o monstro chamado EXAME DE ORDEM.

Neste momento, o jovem bacharel se dá conta de que a faculdade foi muito pouco e que provavelmente era muito jovem ao entrar na academia e por isso acabou jogando fora os primeiros semestres por pura imaturidade. Não é a toa que em alguns países como nos Estados Unidos, o direito pressupõe um ensino superior pretérito.

Após muito estudo, noites sem dormir para compensar o que foi perdido ou que sequer foi oportunizado um dia e sacrifícios, o pequenino presta o exame e com um pouco de sorte é aprovado. Depois disto, os meninos e meninas bacharéis passam por um estágio de euforia, correndo por todos os lados para coletar os documentos necessários para comprovar que além da sua aprovação, você é um sujeito idôneo. Até aqui, você já gastou quase R$ 500,00.

Após essa epopéia preparatória, o jovem advogado se vê diante do seu futuro. Aqueles que um dia trabalharam de carteira assinada, se deparam com contratos de associação, já aqueles que achavam que ser estagiário significava fazer foro por uma bolsa de auxílio mísera, se dá conta de que ao menos naquela época, moravam com seus pais e não tinham muitas contas para pagar.

Ainda neste sentido, importa dizer que o que mais apavore um jovem advogado é ver que na posição de advogado associado, ganhará um pouco mais do que ganhava enquanto estagiário, sem, todavia, muitas vezes, receber sequer o vale-transporte (que no caso do estágio é pago por obrigatoriedade de lei).

Passam-se alguns meses e o pequeno se dá conta de que trabalha feito um escravo moderno. Contudo, nem tudo nesta época é ruim, pois, é neste tempo que o advogado novato aprende a levar no lombo as frustrações de uma profissão sucateada para os jovens, mas muito gloriosa para os velhos. É nesta época, também, que o novato aprende o que é ser político, o que é apresentar um sorrido amarelo para os sócios do escritório que pagam o seu salário (que na advocacia é chamado de honorários, pois, é uma das poucas profissões que consegue usar a bandeira da liberdade e independência para burlar a CLT).

Muitos advogados atingem a categoria sênior sem receber R$ 5.000,00 fixos, quando “associados” a um escritório que, em regra, fatura muito mais do que isso.

O pior, no entanto, é que se você, jovem advogado, começar a fazer audiências por conta própria ou atuar em processos particulares, terá que implorar para os seus superiores por liberação para honrar os compromissos. E aí, vem a pergunta, onde fica a liberdade que caracteriza o profissional liberal?

Bom, mas o que realmente interessa nesta questão é que os velhos advogados ricos de hoje, esqueceram dos tempos do início. Este é um erro fatal para toda entidade que deseja manter-se valorizada e viva. Quem não cuida do seu futuro, quem não investe naqueles que estão entrando agora, está abandonando ao mesmo tempo o futuro da profissão.

Existem muitos outros problemas que devem ser resolvido, como a pratica irregular da advocacia. Todavia a questão que se coloca como insistente é: O que realmente é feito pela OAB, tirando aquilo que não passa de discurso?

Mas fiquem tranquilos, pequenos, a advocacia é uma selvageria mesmo. A OAB é como qualquer instituição de classe, tudo é política. Se você pensa em abrir seu próprio escritório, tem em mim um apoiador, é o que de mais próximo você terá daquilo que realmente é a advocacia e suas pedras fundamentais.

É hora de ver unidade entre os muitos que estão ingressando na advocacia. É hora de ver que a política pode ajudar a enfrentar os poucos velhos que querem tudo de bom que a profissão pode dar, para si próprios e à custa dos nossos lombos. É hora de sermos oficialmente profissionais liberais, ou oficialmente submetidos à CLT. É hora de a locomotiva encontrar os trilhos. Somos nós, os jovens, aqueles que carregaram está profissão quando os atuais se forem e nos deixarem só o bagaço.

Tudo começa por uma motivação que vem da visão do que queremos para o futuro do que um dia será da nossa grandeza. Não adianta reclamarmos dos salários dos juízes, se fizermos isso por inveja. Não podemos permitir que os estudantes queiram os concursos, por não enxergarem um futuro na advocacia. É melhor colocar toda essa energia em uma luta por condições dignadas de trabalho.

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Bruno Avila Valério
Especialista em negócios e gestão de estratégica
Fonte: Jus Brasil

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