Advogado de socialite condenada por abuso sexual vai pedir novo julgamento

Via @jornaloglobo | A socialite britânica Ghislaine Maxwell, que há uma semana foi condenada por ajudar o já falecido financista Jeffrey Epstein a cometer crimes sexuais, merece um novo julgamento, de acordo com o seu advogado, Christian Everdell. Ele alega que um dos jurados revelou ter sido vítima de abuso sexual, o que teria influenciado outros membros do júri a condenar sua cliente.

O pedido de Everdell se baseia no fato de que o jurado Scotty David contou à Reuters, na terça-feira, que, depois que alguns jurados questionaram dois dos acusadores de Maxwell, ele compartilhou com os colegas de júri sua experiência de ter sido abusado sexualmente quando criança.

— Quando compartilhei isso, eles conseguiram tomar consciência a respeito do abuso sexual — disse Scotty David, um morador de Manhattan de 35 anos, referindo-se aos outros jurados.

Em carta à juíza Alison Nathan, que presidiu o julgamento de Maxwell, Everdell disse que havia "motivos incontestáveis" para sua cliente conseguir um novo julgamento. Ele chamou o assunto de "uma questão de importância urgente", que “serve ao interesse da Justiça”.

Ainda segundo a carta, "o jurado disse aos repórteres que revelou durante as deliberações que tinha sido vítima de abuso sexual e descreveu sua memória do evento. De acordo com o júri, essa revelação influenciou as deliberações e convenceu os outros jurados a condenar a senhorita Maxwell".

Everdell entregou a carta nesta quarta-feira, logo depois que os promotores que conseguiram a condenação da socialite britânica pediram a Nathan que abra um inquérito sobre as mesmas declarações do jurado. Eles disseram que as declarações à mídia "merecem atenção" do tribunal e pediram que uma audiência seja marcada em cerca de um mês. Os meios de comunicação citados pelos promotores incluem Reuters, Daily Mail e The Independent.

A decisão de Nathan sobre a possibilidade de um novo julgamento pode depender de como Scotty David respondeu às perguntas, ainda durante a triagem do júri, sobre suas experiências com abuso sexual. Segundo especialistas jurídicos, esta é uma questão chave.

Segundo os promotores, é preciso apurar se o homem revelou durante o processo de constituição do júri — ou seja, antes do julgamento — que havia sido vítima de abuso sexual. Antes do julgamento de Maxwell, centenas de jurados em potencial preencheram questionários que perguntavam, entre outras coisas, se eles ou seus familiares haviam sofrido abuso sexual ou agressão.

Nessa fase, Nathan teria perguntado àqueles que responderam "sim" se seriam capazes de ser justos e imparciais.

Scotty David disse à Reuters que não se lembrava de uma pergunta sobre experiências pessoais com abuso sexual no questionário, mas que teria respondido honestamente. E que Nathan não lhe fez qualquer pergunta sobre sua experiência pessoal com abuso sexual.

Erro ou omissão

Moira Penza, sócia do escritório de advocacia Wilkinson Stekloff e ex-promotora federal, disse que qualquer inquérito provavelmente se concentraria em se o jurado cometeu um erro ou omissão ao responder a perguntas em um questionário de triagem para jurados em potencial ou a perguntas de um juiz.

— Os advogados de defesa argumentarão que esta questão foi parte integrante para descobrir o preconceito do jurado ou o preconceito de qualquer jurado — disse ela.

Nathan deu aos advogados de Maxwell até 19 de janeiro para solicitar formalmente um novo julgamento e explicar se uma investigação é necessária, com uma resposta dos promotores prevista para 2 de fevereiro. Ela também disse que Scotty David pode receber um advogado nomeado pelo tribunal.

Maxwell, 60, foi condenada em 29 de dezembro por tráfico sexual e outras acusações de recrutamento e preparação de meninas menores de idade para serem abusadas por Epstein entre 1994 e 2004. Sua sentença ainda não foi divulgada, mas ela pode pegar até 65 anos de prisão e deve apelar de sua condenação.

Epstein, um financista e criminoso sexual condenado, matou-se em agosto de 2019 em uma prisão em Manhattan enquanto aguarda seu próprio julgamento por tráfico sexual.

Fonte: oglobo.globo.com

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