Advogada diz que jovem autista agredido por seguranças foi vítima de preconceito

Via @portalg1 | A advogada Laura Parodi diz que o atendente de lanchonete Fábio Junio Deodato de Souza foi alvo de preconceito não só pela deficiência auditiva, mas também racial ao ser agredido por seguranças de um shopping na zona Sul de Ribeirão Preto (SP).

O caso aconteceu no sábado (28). Segundo Fábio Junio, ele foi agredido porque não ouviu o pedido de uma das seguranças para abaixar o volume do celular dele na praça de alimentação.

“Acreditamos que houve o preconceito não só pela cor, mas pela deficiência. Ele tem uma deficiência auditiva, inclusive tem outras questões, o próprio autismo, que hoje é uma deficiência, e está aí trabalhando, tentando a vida e acontece uma coisa dessa com ele. A gente não pode deixar impune porque há indícios de racismo, sim, e de preconceito contra a deficiência dele”, diz Laura.

O caso foi registrado como lesão corporal e deve ser apurado pela Polícia Civil.

Em nota, o Shopping Iguatemi Ribeirão Preto informou que apura a ocorrência e que repudia e não compactua com nenhum tipo de violência.

A empresa Resolv, responsável pela segurança do centro de compras, diz que acompanha e apoia a investigação que está sendo conduzida pelas autoridades competentes.

Fábio Junio Deodato de Souza diz ter sido agredido por seguranças de shopping em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Desentendimento e agressões

O jovem trabalha no shopping há três anos, na lanchonete de uma rede de fast-food. No sábado (28), ele estava na praça de alimentação durante uma pausa, quando foi abordado por uma segurança que reclamou da altura do som do celular dele.

“Todos os dias eu troco de roupa e vou sentar na praça de alimentação. Uma moça pediu para eu abaixar o volume, só que eu tenho problema de audição. Aí ela falou de novo, mas eu não escutei e ela gritou comigo.”

Fábio Junio diz que pegou as coisas dele e caminhou para a lanchonete, mas que foi seguido por outro segurança.

“Eu perguntei pra ele o que estava acontecendo, por que ele estava me seguindo e fazendo cara feira. Fui perguntar pra ele de novo o que estava acontecendo, eu não fiz nada, foi a hora que aconteceu tudo. Ele tinha me agarrado, puxado lá pra dentro, só que na hora de me bater tinha cinco seguranças que vieram para cima de mim e eu sem entender nada”, afirma.

Segurança bloqueia passagem de sala para onde Fábio Junio foi levado no shopping de Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Um vídeo gravado por uma frequentadora mostra um segurança na porta da sala para onde Fábio foi levado. Um jovem que prefere não ser identificado diz ter visto as agressões.

“Eu só vi quando o moço [segurança] começou a agredir ele, enforcando ele, tentando derrubar ele no chão e botar ele pra dentro de uma sala (...) chutes e socos na cabeça dele. O segurança não parava, continuavam agredindo ele. Não foi só um, foram quatro agredindo ele.”

Sem motivo

De acordo com a advogada Laura Parodi, a ação dos seguranças foi desproporcional e inexplicável.

“Realmente foi uma ação sem motivo e que precisa ter uma resposta. A gente não pode deixar isso em branco. É um menino que não tem antecedentes, trabalha há três anos, então sempre teve uma boa conduta, todos gostam muito dele e isso jamais deveria ter acontecido vindo de quem tem que dar segurança e não trazer a insegurança.”

A advogada Laura Parodi conversa com Fábio Junio e a mãe dele após agressões dentro de shopping em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

O jovem voltou a trabalhar na segunda-feira (30). A mãe dele, Inácia Maria Dias Deodato, diz estar preocupada e triste com tudo o que aconteceu.

“É chocante, eu estou passada. Triste. A gente nunca deu um tapa e aí chega um chuta a cabeça, pisa no pescoço, é dolorido demais. Na hora a gente fica sem ação. Já vem aquele sentimento do que vem ocorrendo por aí, né? [casos de violência envolvendo preconceito]”, afirma.

O que dizem o shopping e a empresa

Em nota, o Shopping Iguatemi informou que a ocorrência envolveu um prestador de serviço de segurança terceirizado e um colaborador de uma das operações.

“O incidente foi rapidamente contido e a polícia acionada para apuração do caso. O empreendimento solicitou o afastamento do prestador de serviço terceirizado até que a questão seja averiguada e continua à disposição das autoridades competentes para colaborar com a investigação sobre o ocorrido.”

A Resolv disse afastou o segurança até que o caso seja esclarecido. A empresa também disse que segue processos atuantes e rígidos quanto aos treinamentos e às orientações sobre atendimento humanizado, tendo como norte seu código de ética e conduta.

Veja o vídeo da matéria. 

Fonte: g1

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