Polícia indicia assessor da CLDF por ameaça, violência psicológica e intolerância

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Via @metropoles | A Polícia Civil de Luziânia (GO) indiciou o assessor da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que vinha sendo investigado após denúncias de uma mulher com quem manteve relação. O inquérito ressalta os “elementos probatórios” e indicia Ubiraci da Cunha Nogueira Filho pelos crimes de ameaça, violência psicológica contra a mulher e por preconceito de religião.

O caso, agora, foi remetido à 1ª Promotoria de Justiça de Luziânia. Antes de analisar os autos, a promotora titular manifestou-se requerendo a juntada das certidões de antecedentes criminais do indiciado, necessário para subsidiar o requerimento de outras medidas nos autos, como divulgado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). É a partir do indiciamento que o MP pode fazer a proposição de ação penal, ou seja, a denúncia criminal à Justiça.

O Metrópoles mostrou o caso com exclusividade. Em uma mensagem que Ubiraci enviou à vítima, o homem chegou a dizer que ela merecia “uma taca”. Além disso, a mulher relatou diversos casos de preconceito religioso sofridos, por ser filha de santo e frequentar um terreiro de candomblé.

Ubiraci é assessor da Mesa Diretora na CLDF, vinculado ao gabinete do primeiro-secretário, o pastor Daniel de Castro (PP). O servidor ainda é alvo de um processo administrativo em apuração na Casa e está impedido de se aproximar da vítima, após a Justiça conceder medida protetiva de urgência em favor da ex-parceira.

Os fatos que levaram às denúncias são de abril deste ano. A mulher cita que os dois “ficavam” por quase dois anos, mas que o relacionamento sempre era baseado em violência psicológica e intolerância religiosa contra ela. Naquele mês, os dois tiveram uma briga.

“Eu estava no terreiro, ao lado da chácara dele, no Jardim Ingá. Ouvi um barulho, fui lá [na casa de Ubiraci], falei que ele estava sem tempo porque estava na farra com mulher. Ele disse que eu não podia bater no portão dele, me chamou de urubu e falou que, com aquela roupa ‘de bicho’, eu não triscaria nele, que os trajes não eram de gente”, conta a vítima, ao Metrópoles.

Além da denúncia de racismo religioso, a mulher relata ameaças de violência. “Ele disse que ia ‘atravessar o dedo’ em mim, que a gente iria conversar ‘da forma dele’ a partir daquele dia”, relata. Em uma mensagem de Ubiraci para a vítima, ele escreve: “Você merece uma taca grande”.

Mulher anexou prints em denúncia

No fim de maio, a delegacia ouviu testemunhas de ambos os lados. Uma amiga da mulher disse que já tinha percebido, ao longo do relacionamento dos dois, situações e “brincadeiras” que não eram saudáveis, e até orientou a vítima a procurar um tratamento psicológico. Ainda segundo ela, Ubiraci “nunca aceitou a religião” da amiga, dizendo, inclusive, que “não era coisa de Deus” nem algo “bem-visto no meio que ele frequentava”.

CLDF

Ubiraci já esteve em outros cargos públicos. Parente do ex-deputado distrital Cristiano Araújo, ele atuou no gabinete do parlamentar, foi da chefia de gabinete da Administração Regional de Santa Maria, mas acabou sendo exonerado seis dias depois, e ocupou o posto de superintendente do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), por exemplo.

Em nota, a assessoria do pastor Daniel de Castro informou que o parlamentar preza “pela justiça e igualdade e acredita que todas as denúncias de violência, racismo religioso e intolerância devem ser devidamente apuradas pelas autoridades competentes”.

“Em relação ao processo administrativo em apuração na Câmara Legislativa, o parlamentar acompanha o caso e aguardando que as devidas providências sejam tomadas pela Casa. Reforçamos que a justiça deve prevalecer e qualquer ato de violência ou intolerância religiosa deve ser repudiado e punido, conforme a legislação em vigor”, enfatiza o texto.

Por Alan Rios
Fonte: metropoles.com

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