Adolescente de 13 anos m0rr3 após sofrer agressões de colegas em escola; pai diz que filho sofria bullying

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VIRAM? 😢 [ Assista AQUI ] Via @portalg1 | O pai do adolescente Carlos Teixeira de 13 anos, que morreu uma semana após dois estudantes pularem sobre as costas dele na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, cobra justiça após a morte do filho. Ao g1, o homem contou que o menino já havia informado ser vítima de bullying, o que o levou a conversar com a direção da unidade de ensino.

"A gente leva a criança para escola achando que a criança vai estudar, que vai estar segura e, ao final, olha o que acontece", lamentou o pai de Carlos, Julisses Fleming, de 42 anos, que trabalha como porteiro e manobrista.

O adolescente morreu depois de sofrer três paradas cardiorrespiratórias na última terça-feira (16), enquanto estava internado no Hospital Santa Casa de Santos.

Quem era Carlos?

Foto: Arquivo Pessoal

Carlos Teixeira completou 13 anos no dia 7 de abril, ou seja, dois dias antes das agressões na escola. Ele estava no 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor Júlio Pardo Couto. Julisses afirmou à equipe de reportagem que o filho era um menino saudável.

Colegas pulam sobre as costas do estudante

De acordo com o pai do jovem, o filho relatou que estava de costas para a dupla e conversando com outro colega. De repente, segundo ele, os adolescentes pularam sobre o filho. "Eles não estavam conversando e brincando [entre eles]".

Adolescente conta agressão para os pais

Imagens obtidas pelo g1 mostram Carlos contando aos pais sobre a agressão. No vídeo, é possível ver um breve diálogo entre o pai do menino e o filho. Na conversa, o adolescente aparece chorando e dizendo que sente dores nas costas ao respirar.

"Carlinhos, quem foi?", perguntou o pai.

"O [nome do colega]", respondeu o menino.

"Que série?", questionou o pai.

O menino respondeu.

"Ele pulou em cima de tu?", indagou o pai.

"É", disse o adolescente.

"Te machucou e está com falta de ar?", retrucou o pai.

"Eu estou. Quando eu respiro, dói as costas", disse o menino.

"E tu nem estava brincando com ele?", perguntou o pai.

"Não", finalizou o menino.

Morte

A agressão aconteceu no último dia 9 de abril e, de acordo com o pai, no mesmo dia o adolescente reclamou de dores nas costas e falta de ar. Julisses disse que levou o filho à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Praia Grande ao menos três vezes na semana, onde o filho era medicado e, em seguida, liberado.

Os sintomas do adolescente se intensificaram na segunda-feira (15) e o pai decidiu levá-lo à UPA Central de Santos (SP), onde ele precisou ser internado e entubado. Na terça-feira (16), ele foi transferido para Santa Casa de Santos e morreu após três paradas cardiorrespiratórias.

Causa da morte

Declaração de óbito de adolescente em Praia Grande (SP) traz como causa da morte uma broncopneumonia bilateral — Foto: Reprodução

Julisses afirmou que os médicos disseram que a suspeita era de que a causa da morte seria uma infecção no pulmão. Em nota, a Santa Casa de Santos confirmou a transferência da UPA Central, mas disse não ter autorização para dar mais informações sobre o caso.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que o caso foi registrado como morte suspeita e é investigado pelo 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande. O corpo de Carlos passou por necropsia -- procedimento médico que examina a causa da morte -- nesta quinta-feira (18).

O g1 teve acesso à declaração de óbito que vai servir como base para o atestado, que leva de 30 a 90 dias para ficar pronto. No documento, a causa da morte consta como broncopneumonia bilateral, um tipo de inflamação nos alvéolos, estruturas dos nossos pulmões responsáveis pela troca de oxigênio com o sangue.

Especialistas explicam

A pedido do g1, os médicos clínicos Carlos Machado e Marcelo Bechara analisaram o caso com base nas próprias experiências profissionais e nas informações passadas pela equipe de reportagem. Ambos afirmaram que o excesso de peso nas costas pode ter levado a um trauma -- lesões causadas por um evento traumático externo ao corpo e que acontece de forma inesperada.

De acordo com Carlos Machado, o trauma pode ter sido uma fratura ou esmagamento da vértebra na coluna cervical, torácica e até na costela.

"Se ele estiver com uma dessas lesões, [...] podia estar furando o pulmão, o que dificulta a respiração e, respirando menos, faz com que tenha secreção acumulada, que é uma infecção pulmonar", afirmou o profissional.

Marcelo Bechara acrescentou que, pelo mesmo motivo, ocorre uma parada cardiorrespiratória. "O excesso de peso nas costas podem ter levado a um trauma que pode levar a um pneumotórax [...], [quando] o pulmão não consegue ventilar e uma hora chega a parada cardíaca mesmo", disse ele.

Bullying

Carlos sofria bullying com frequência e já tinha sido agredido em outras oportunidades dentro da escola estadual. Segundo Julisses, toda vez que o filho relatava uma agressão, ele comparecia na escola. No entanto, nenhuma atitude era tomada por parte da direção.

O pai do menino contou que chegou a solicitar uma reunião de pais, mas não teve retorno. Desta forma, ele diz que chegou a dar um spray de pimenta para o filho conseguir fugir dos agressores. “Mas não adiantou. [...] Estou destruído”, afirmou Julisses.

Imagens mostram outra agressão

Um vídeo mostra um dos episódios em que o garoto foi vítima dentro da unidade escolar. Em nota, a Secretaria de Educação do Governo de São Paulo (Seduc-SP) informou que as imagens foram gravadas no dia 19 de março, ou seja, três semanas antes de Carlos morrer.

"A Pasta repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. Na época, ao tomar ciência do caso apresentado, a gestão escolar acionou Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno. Também registrou o ocorrido no aplicativo do Conviva".

Prefeitura e Secretaria da Educação

A Seduc afirmou que lamenta profundamente o falecimento do estudante. "A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações".

A Prefeitura de Praia Grande disse que lamenta profundamente a ocorrência com o aluno e se solidariza com os familiares e amigos do jovem.

A administração municipal afirmou que solicitou junto à secretaria de Estado uma apuração completa dos fatos, já que a unidade de ensino é estadual. A pasta explicou ainda que também já está analisando todos os procedimentos adotados no atendimento efetuado no pronto-socorro da Cidade.

Protesto

Morte de adolescente agredido pelas costas em escola gera protesto

Um grupo se reuniu em frente à Escola Estadual Professor Júlio Pardo Couto na quinta-feira (18) para pedir Justiça no caso de Carlos. As imagens mostram dezenas de pessoas gritando "Justiça". Uma mulher, que não foi identificada, disse o seguinte: "Hoje tem uma mãe chorando. Amanhã pode ser eu".

Também é possível ver equipes da Polícia Militar (PM) e da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) fazendo uma barreira em frente à unidade de ensino. A PM informou ao g1 que a viatura da ronda escolar pediu apoio de outras equipes da corporação e da Guarda Civil Municipal (GCM), por volta das 16h11.

Velório

O corpo de Carlos foi liberado pelo IML na quinta-feira (18) após passar por uma necropsia. A previsão é de que o velório e o sepultamento aconteça nesta sexta-feira (19) no cemitério de Praia Grande.

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Fonte: g1

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