MP denuncia delegado, policiais e advogados por esquema de extorsão

[ Assista AQUI ] Via @portalg1 | O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ofereceu denúncia, na noite de segunda-feira (22), contra policiais civis, entre eles um delegado, além de advogados, guardas municipais e servidores públicos, suspeitos de integrar uma organização criminosa que inventava crimes para extorquir dinheiro de empresários em Indaiatuba (SP). A informação foi obtida pelo g1 com o Ministério Público (MP).

A investigação apontou que o grupo criminoso mantinha, no 1º Distrito Policial de Indaiatuba, uma "sala de extorsão", onde pessoas detidas eram ameaçadas a responder por crimes que não cometeram caso não pagassem propina.

O MP concluiu que o valor da extorsão chegava a R$ 10 milhões. O caso veio à tona no dia 26 de março, quando uma operação do Gaeco prendeu os envolvidos. Veja abaixo quem é cada um dos denunciados e os crimes. A Promotoria agora aguarda a decisão da Justiça para saber se a denúncia será ou não aceita.

Delegacia de Indaiatuba retomou rotina após prisão de policiais — Foto: Reprodução/EPTV

13 denunciados

De acordo com as informações obtidas pelo g1 com o Ministério Público, 13 dos 14 investigados na operação "Chicago" foram denunciados à Justiça. O MP também pediu a prisão preventiva deles. Veja quem são:

1. José Clésio Silva de Oliveira Filho, delegado da Polícia Civil

2. André Luis Soares da Silva, investigador da Polícia Civil

3. Carla Cristina de Souza Moreira, investigadora da Polícia Civil

4. Márcio Matoso, escrivão da Polícia Civil

5. Helio Ercínio dos Santos Júnior, advogado

6. Rubens Groff Filho, advogado

7. Marcelo Eduardo Freire Savioli, advogado

8. Jackson Luiz da Silva, guarda municipal de Indaiatuba

9. Afonso Lucas Trindade Fernandes (vulgo Talinho), guarda municipal de Indaiatuba

10. Fábio Augusto Moraes (pastor), assessor comissionado da Secretaria de Assistência Social

11. Rafaela Toledo de Almeida, assessora comissionada da Secretaria de Assistência Social

12. Taylor Silva Angélico, 33 anos, gerente administrativo

13. Márcio Ricardo Pereira Mendes, auxiliar de escritório

A única exceção entre os investigados é José Abel Von Ah, fiscal da prefeitura que foi alvo de mandado de busca e apreensão à época da operação. Ele não foi denunciado porque o MP ainda quer aprofundar a participação dele no esquema. Segundo a Promotoria, os crimes aos quais os investigados foram denunciados são:

• Organização criminosa;

• Roubos;

• Extorsão com restrição da liberdade das vítimas;

• Corrupção;

• Furto

Ainda de acordo com o MP, nem todos os investigados respondem por todos os crimes. Os advogados, por exemplo, foram denunciados por organização criminosa e extorsão. Já os policiais civis vão responder por todas as acusações, caso a denúncia da Promotoria seja aceita pela Justiça.

Quem são os suspeitos de atuar no esquema para extorquir dinheiro de empresários

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Todos os 13 denunciados estão presos.
A prisão temporária, que tem prazo de 30 dias, vence na quinta-feira (25). Por isso, a Promotoria fez o pedido da preventiva.

O g1 tenta contato com a defesa dos investigados. A Secretaria de Segurança Pública disse que a corregedoria da Polícia Civil acompanha o caso.

Em nota, a Prefeitura de Indaiatuba afirmou à época que abriu procedimento administrativo e afastou os envolvidos. Os funcionários comissionados foram exonerados.

Flagrado em vídeo

Vídeo mostra comissionado da prefeitura tentando fugir durante operação em Indaiatuba

Durante a operação, o servidor comissionado da Prefeitura de Indaiatuba Fábio Augusto Moraes , tentou fugir dos policiais, conforme vídeo acima, e foi encontrado com armas e drogas.

Moraes ocupa um cargo de direção e assessoria na Secretaria de Assistência Social, tinha salário bruto de R$ 8 mil e, segundo a prefeitura, fazia o serviço de abordagem social com pessoas em situação de rua.

Na casa e no carro do suspeito, policiais encontraram armas de fogo e drogas. Por isso, além do cumprimento do mandado de prisão temporária da operação, o servidor também foi preso em flagrante por posse de drogas e porte ilegal de armas.

Suspeito de chefiar

O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, do 1º Distrito Policial de Indaiatuba — Foto: Gustavo Biano/EPTV

Segundo o Ministério Público, o delegado-titular do 1º Distrito Policial, José Clésio Silva de Oliveira Filho, é o suspeito de chefiar o esquema criminoso que extorquia dinheiro de empresários em Indaiatuba (SP).

"Ao delegado, neste momento na investigação, foi imputada a liderança dessa situação porque ele efetivamente firmava os documentos, como relatórios e instauração de inquérito policial. E os elementos são indicativo de que as propinas se destinavam a ele.", explicou na terça Paulo Carolis, promotor do Gaeco.

Delegado titular do 1º DP de Indaiatuba foi preso suspeito de liderar organização criminosa — Foto: Reprodução/EPTV

Células de atuação

Além de Clésio, investigadores, guardas municipais, funcionários comissionados da Prefeitura e advogados são suspeitos de participação na organização criminosa. Segundo os promotores de Justiça, os outros integrantes atuavam em grupos dentro do esquema, as chamadas células de atuação:

• Policiais civis e guardas municipais: invadiam estabelecimentos comerciais para forjar falsos flagrantes contra os empresários e fazer, indevidamente, apreensões de bens e dinheiro.

 Advogados: atuavam como intermediadores no pagamento de propina, fazendo a contagem e o transporte do dinheiro, além de cobrar honorários sobre os valores extorquidos.

• Servidores comissionados: atuavam no contato com os empresários extorquidos a fim de cobrar as propinas previamente exigidas.

Major Auguto Martinelli, comandante do 1º Baep, e Paulo Carolis, promotor de Justiça do Gaeco, durante coletiva de imprensa — Foto: Toni Mendes/EPTV

A operação

Ao todo, promotores de Justiça, com o apoio da Polícia Militar e da corregedoria da Polícia Civil, cumpriram, no dia 26 de março, 17 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão temporária. Além disso, 15 veículos foram apreendidos.

A suspeita é que os investigados tenham exigido, pelo menos, R$ 10 milhões de reais de propina desde 2022, para arquivar investigações que eram forjadas pelos suspeitos.

Entre as vítimas estão cerca de 10 proprietários estabelecimentos comerciais, como supermercados, lojas de roupas e estacionamento de veículos.

Saiba como funcionava esquema que forjava investigações para extorquir empresário

Invasão de comércios e fabricação de inquéritos

De acordo com o Gaeco, o grupo de Indaiatuba fabricava boletins de ocorrência, inquéritos e relatórios de investigação para sustentar exigência de pagamentos como preço de "resgate" de eventuais prisões decretadas ou garantias de não investigação.

Os boletins, as investigações e até as prisões eram forjadas. Segundo o MP, dezenas de empresários foram extorquidos no período de um ano. O valor das extorsões variava de R$ 1 a R$ 3 milhões.

Chicago

O nome da operação, "Chicago", remete à cidade americana dos anos 20 e 30, quando gangsters governavam a cidade "à base de violência, desprezando a lei e criando fortunas com os crimes".

Pelo menos 15 promotores de Justiça, 10 servidores do Ministério Público, 94 policiais militares e 19 policiais civis participaram da operação.

Delegacia de Indaiatuba foi alvo de busca e apreensão — Foto: Jorge Talmon/EPTV

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Por Marcello Carvalho
Fonte: g1

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