Agora ex-aluno, ele ressalta que, dos sete alunos afastados, seis se identificam como LGBTQIAP+. Para ele, além da homofobia, outros tipos de preconceitos por parte da academia Unique. “Também vejo gordofobia nesse caso. Nós somos quem nós somos, e talvez isso incomode por não nos encaixarmos em padrões”, alega.
Sem querer ter o nome divulgado, ele contou que esteve com os amigos em um ofurô no último dia 7, e que, na ocasião, um funcionário teria pedido para que eles deixassem a banheira, o que teria sido prontamente atendido.
Até que, na última quinta (11/7), todos eles receberam, via WhatsApp, um comunicado de desligamento, por decisão unilateral.
Outros dois, indignados com a situação, pediram rescisão do contrato antes mesmo de receberem a notificação de expulsão.
Na mensagem, enviada individualmente a cada uma das pessoas, uma funcionária informa, em nome da academia, que o desligamento aconteceu “devido à violação das regras, conforme previsto na cláusula contratual”.
A norma supostamente infringida seria a “prática de qualquer conduta ofensiva, ilegal ou que, de alguma maneira, cause perturbação ao ambiente”.
Um dos banidos, no entanto, nega ter quebrado qualquer regra. “Não houve nenhum ato libidinoso ou algo nesse sentido. Não fizemos nada que fugisse dos padrões”, conta o homem, que solicitou condição de anonimato.
“Eu entendo que [a expulsão] foi um ato nada razoável. Se isso não é homofobia, eu não sei o que é. O que há de mais no fato de terem nove pessoas na banheira?!”
Após o comunicado da academia, os alunos procuraram a diretoria para obter explicações, mas não conseguiram nenhuma resposta. Eles apontam, entre outras coisas, que não havia nenhum comunicado no ofurô da unidade com regras expostas para que soubessem quais normas deveriam ter sido respeitadas.
Representatividade
Na semana passada, antes de serem expulsos, alguns dos alunos já haviam procurado os gerentes da unidade para expor um descontentamento quanto a falta de representatividade na academia – na visão deles, o espaço não é acolhedor para pessoas LGBTQIAP+. As respostas dos donos teriam soado preconceituosas.
“Eles [os alunos] questionaram, por exemplo, por que a academia não se manifestou no Dia do Orgulho LGBT, em 28 de junho. Os donos responderam com a pergunta: ‘Eu vou fazer o Dia do Orgulho Hétero, também?!’. Disseram ainda que a orientação de comunicação deles segue as premissas da Igreja Católica, e que ele não faria uma postagem somente para provar que nós éramos bem-vindos ali.”
O que diz a academia
Após o comunicado oficial enviado via WhatsApp, a academia alegou pessoalmente a alguns dos expulsos que a banheira na qual os nove alunos estavam só suportava três pessoas, e tinha limite de peso.
Por terem supostamente quebrado os contratos, a unidade ressarciu os valores referentes a cada aluno.
A reportagem procurou a academia, que não havia retornado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Por Thalita Vasconcelos
Fonte: metropoles.com