Segundo depoimentos de testemunhas e da própria vítima, que tinha 12 anos à época, o professor se referiu ao estudante com frases como “Ele se parece com cachimbo de macumba” e “Não vou à praia para não ficar preto como ele”.
As declarações ofensivas teriam sido ditas na frente de colegas de classe em um momento em que o garoto havia sido encaminhado à diretoria por conversar em horário inapropriado durante a aula.
Em outra ocasião, o professor teria afirmado que “não gosta de pretos, pobres e burros” e que todos os alunos daquela escola eram "pretos, pobres e burros”.
Apesar de não haver, por exemplo, a gravação do momento em que o educador proferiu as ofensas racistas, a Justiça entendeu que os atos foram suficientemente demonstrados por outros meios, como um boletim de ocorrência registrado na data do incidente, relatos de testemunhas e documentos da própria apuração feita pela escola.
O caso foi levado à delegacia por diversos pais de alunos.
O g1 pediu um posicionamento do governo de São Paulo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Apuração interna
Durante o processo, a diretora da escola confirmou que, uma semana antes do episódio com o garoto de 12 anos, havia recebido relatos de outras três alunas sobre falas racistas do mesmo professor.
A própria diretora ouviu do docente que ele havia feito “algumas piadinhas” em sala de aula, mas que teria sido mal interpretado pelos estudantes.
Ao longo do processo, a defesa do governo estadual não negou que as falas tenham ocorrido, mas argumentou que a responsabilidade seria excluída por suposta ausência de negligência da escola — o que foi rejeitado pela Justiça.
“Tudo indica que se tratava de professor com reiterado comportamento problemático, havendo inclusive registros de queixas parecidas de outros estudantes em outras oportunidades”, apontou o desembargador Eduardo Prataviera, relator do caso no Tribunal de Justiça de São Paulo.
O contrato do professor com a escola foi encerrado logo após os episódios, mas o motivo formal foi o excesso de faltas injustificadas, já que o educador parou de ir à escola após as denúncias.
Por Gustavo Honório, g1 SP — São Paulo
Fonte: g1