Segundo o delegado Vitor Santos de Jesus, a adolescente que enviou o bolo envenenado tinha "raiva" e "ciúmes" de Ana Luiza. A adolescente confessou ter envenenado o bolo e disse que agiu sozinha.
Ainda segundo o delegado, que considera o caso concluído, a jovem que enviou o bolo envenenado aparentava ter problemas de autoestima e algum desequilíbrio mental. As duas estudavam em escolas diferentes.
A TV Globo apurou que a jovem passou algumas horas na carceragem, foi solicitada a internação provisória dela por 45 dias, e o juiz concedeu. Por volta das 17h, ela foi encaminhada para a Fundação Casa.
Desolado com a morte da filha de 17 anos, Silvio Ferreira das Neves fez um desabafo emocionado nesta terça-feira (3), durante o velório da adolescente Ana Luiza de Oliveira Neves.
“É muito difícil para mim... Perdi o amor da minha vida. Minha filha fez 17 anos na semana passada e não tem nem palavras para dizer o que eu estou sentindo. É difícil demais. Só Deus para me dar força, porque a minha filha não merecia isso...”, disse Silvio, que tem outras duas filhas.
Ao receber o bolo, Ana Luiza chegou a enviar um áudio para um grupo de amigos para descobrir quem tinha mandado o presente.
Ela não foi a primeira vítima. A mesma adolescente de 17 anos que confessou ter envenenado o doce, enviou, em 15 de maio, um bolo para outra menina que passou mal, chegou a ficar internada, mas sobreviveu.
Segundo a investigação, esta jovem também teria recebido um bilhete com dizeres parecidos aos de Ana Luiza.
No último sábado (31), a adolescente repetiu o comportamento, e o alvo agora era Ana Luiza. Com a repercussão da morte dela, a família da primeira vítima procurou a polícia. Investigadores resgataram imagens de circuito de segurança, identificaram a placa do motoboy que fez a entrega, conseguiram contatá-lo e tiveram acesso ao endereço da autora.
Quando chegaram à casa da adolescente, repararam que a descrição física que o motoboy fez coincidia com ela. A polícia, então, solicitou que a jovem e a família comparecessem à delegacia. Inicialmente, ela negou a participação, até que, após horas de interrogatório, confessou os dois casos.
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Áudio enviado pela jovem Ana Luiza de Oliveira Neves aos amigos, pouco depois de receber o bolo anônimo em casa, no último sábado (31), na Grande São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo |
Bilhete de autoria misteriosa
De acordo com o boletim de ocorrência, Ana Luiza se sentiu mal após consumir o doce. A família diz que ela foi levada ao hospital, mas não resistiu.
Um amigo da família, Cristiano, foi quem registrou o boletim de ocorrência na delegacia porque os pais, muito abalados, não estavam em condições de ir ao local.
À polícia, este amigo contou que a irmã de Ana Luiza recebeu um embrulho com o bolo por volta das 17h do sábado (31).
Ana Luiza chegou em casa em torno das 18h e comeu o bolo. Menos de uma hora depois, ela já começou a passar mal. O pai da adolescente, Silvio, levou Ana a um hospital particular, onde ela foi diagnosticada com intoxicação.
Após estabilização, ela teve alta e voltou para casa. Contudo, no domingo, ela voltou a passar mal por volta das 16h com sintomas graves e foi novamente levada ao pronto-socorro.
O boletim de ocorrência diz ainda que a adolescente já chegou ao hospital sem os sinais vitais.
O relatório médico afirma que ela teve uma parada cardiorrespiratória cerca de 20 minutos antes de chegar à unidade e “encontrava-se cianótica, com hipotermia, sem batimentos cardíacos e sem respiração”.
Vários processos de reanimação foram feitos pela equipe médica, mas sem sucesso.
A causa aparente da morte foi apontada como intoxicação alimentar, conforme laudo assinado pelo médico Fernando Fernandez Barrientos, que estava de plantão no hospital.
Por Carol Ianelli, Laura Cassano, TV Globo e g1 SP — São Paulo
Fonte: g1