Como já aconteceu em outras sessões do julgamento da ação penal que trata de suposta trama golpista, Chiquini discutiu com Moraes em audiência do STF. Os embates entre o defensor e o ministro têm sido frequentes nas audiências virtuais, com o uso de voz alta, perguntas repetidas e interpelações com falas ao mesmo tempo.
No vídeo, Chiquini reclama do momento em que Moraes desliga seu microfone.
O general foi indicado como testemunha do advogado que defende Filipe Martins, réu no núcleo 2. Durante a oitiva, ao indagar o ex-ministro do governo Lula sobre a existência de tropas do GSI de prontidão para conter os invasores do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023, Moraes interrompeu o defensor, lembrando que o general já havia respondido a essa questão anteriormente na mesma sessão.
Na ocasião, o advogado chamou os invasores de “vândalos” e Moraes respondeu: “Doutor, quando os golpistas chegaram – porque não são vândalos, são golpistas, inclusive já condenados –, as imagens são muito claras. O senhor deveria ter acompanhado”, afirmou Moraes.
Chiquini rebateu: “Mas quais imagens, senhor? As 190 ou as duas fornecidas?”. Moraes, então, retrucou: “Doutor, como, doutor?”. O advogado insistiu: “A minha pergunta é: quais imagens? Aquelas que desapareceram ou aquelas disponibilizadas de forma seletiva?”.
O ministro retrucou: “O senhor está acusando alguém de ter feito as imagens desaparecerem?”. Chiquini respondeu: “Falei de forma genérica e ainda não cheguei a essa pergunta”. Moraes então advertiu o advogado: “Porque eu já estou oficiando o Governador Tarcísio [de Freitas] para informar das suas acusações de ontem. O senhor quer que eu informe mais alguma autoridade sobre suas acusações?”.
A referência de Moraes era à tentativa do advogado de envolver o governador de São Paulo em reuniões que estão sob investigação.
Após isso, Moraes cortou o microfone do advogado, vetando a palavra e prosseguiu com a audiência. Jeffrey abriu o microfone e questionou: “Cassou a minha palavra?”. Moraes confirmou: “Cassei a palavra, doutor. Por favor”.
Réus do núcleo 2
• Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Bolsonaro;
• Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
• Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
• Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
• Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública do Distrito Federal; e
• Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.
Segundo a PGR, Vasques, Marília e Fernando coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no poder. Pela denúncia, Mário Fernandes ficou responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em junto de Marcelo Câmara, além de realizar a interlocução com as lideranças populares ligadas ao 8 de Janeiro.
Filipe Martins seria o responsável por auxiliar o ex-presidente com o projeto para decretar estado de sítio no país.
Por Manoela Alcântara e Pablo Giovanni
Fonte: metropoles.com