Feed mikle

‘Sofri vi0lênci4 nos EUA sem saber de lei protetora’, diz advogada

sofri violencia eua sem saber lei protetora advogada
Via @uolnoticias | O medo de perder o Green Card ainda mantém muitas mulheres imigrantes em casamentos abusivos e infelizes, relatou Larissa Salvador, advogada de imigração nos EUA, ao "Divã de CNPJ", do UOL.

CEO do escritório Salvador Law, referência no atendimento a brasileiros e estrangeiros em busca de regularização nos EUA, ela afirmou que muitos imigrantes ainda desconhecem a legislação americana que permite solicitar a residência permanente sem depender do agressor em casos de violência doméstica. Ela própria já viveu essa realidade.

"No final do meu antigo casamento, eu dormia com uma faca debaixo do travesseiro para me proteger", relembrou Larissa, que se casou nos EUA em 2013 e se divorciou em 2018.

"Você não precisa ficar casado com alguém que está te violentando só para manter o Green Card, porque a lei migratória protege você, imigrante, nessa situação." Larissa Salvador

Nos EUA, a Lei Federal de Violência Contra a Mulher (Violence Against Women Act - VAWA) concede proteção e status legal para vítimas de violência doméstica, abuso sexual e outras formas de violência de gênero, independentemente de seu status migratório.

'Criei empresa após traição de amiga'

Um momento de decepção profissional foi o que levou a advogada a fundar o escritório Salvador Law, em 2019. Seu pai deu o pontapé para a ideia após ver a filha sendo rejeitada em uma sociedade pela ex-chefe.

"Meu pai falou: 'Larissa, você entende do negócio? Então, para quê você vai continuar trabalhando pra construir o sonho dos outros enquanto você pode construir o seu próprio?" Larissa Salvador

Larissa contou que a ex-chefe também era sua amiga. "Eu era gerente do escritório dela. Ela me prometeu sociedade no segundo ou terceiro ano em que eu estava lá, até que um dia ela disse 'olha, eu não vou te fazer sócia e nem vou aumentar o seu salário', um pouco depois de eu ter passado na OAB", contou a advogada.

A decisão de empreender não foi simples: na época, contou ela, havia apenas 3 mil dólares em sua conta. "Meu ex-marido tinha limpado a minha poupança", afirmou Larissa.

O primeiro espaço para atendimento veio de um amigo da família. "Quando ele ficou sabendo que eu estava começando o meu próprio escritório, ele falou 'Eu tenho uma sala que tá vazia e você não precisa pagar nada'. Foi aí que tudo começou", disse ela.

Atualmente, o escritório de Larissa em Boca Raton, na Flórida, conta com seis colaboradores, incluindo o pai, que lidera a área de vendas, e seu marido, que é diretor de desenvolvimento. A expansão do negócio também inclui uma parceria no Brasil, localizada no Rio de Janeiro, voltada a auxiliar brasileiros em processos de imigração.

A demanda por consultas no escritório Salvador Law aumentou mais de 80% nos últimos meses. Mas, segundo a advogada, isso não significa que mais pessoas estejam conseguindo se legalizar.

"Não são pessoas que ainda estão num espaço que elas podem se legalizar. As mesmas pessoas que estavam ilegais quando Biden ainda era presidente, continuam ilegais hoje com o Trump, porque nada mudou na lei migratória." Larissa Salvador

Para evitar que famílias gastem dinheiro com consultas que não terão resultado, Larissa diz que implementou um processo de triagem rigoroso em seu escritório. Segundo ela, a recepcionista é responsável por essa filtragem inicial, a partir de uma lista de perguntas estratégicas para identificar casos sem chance de legalização.

A advogada afirmou que não cobra por atendimentos que sabe que não vão resultar em sucesso. "Para mim, é tipo grana de sangue, porque eu sei que não vai ter caso. Eu sei que nada vai sair dali", afirmou ela. Quando não há perspectiva de legalização, ela diz que prefere oferecer informação gratuita.

Para lidar com a alta procura, o escritório realiza uma vez por mês consultas gratuitas de 15 minutos. Casos envolvendo crianças "são os mais dolorosos" para ela.

"Como na minha experiência, eu sei que você não escolheu vir pra cá. Você não pegou uma arma, colocou na cabeça dos seus pais e falou 'eu quero ir pra América, me leva pra América de qualquer jeito nesse momento', então essas consultas me matam", disse Larissa.

Antes de fundar o escritório Salvador Law, conhecido por ajudar famosos brasileiros a regularizem a situação nos Estados Unidos, a carioca e sua família perderam o status legal e, sem nenhuma orientação, viveram de forma ilegal no país por 13 anos.

Ela relatou não ter conseguido voltar ao Brasil para o enterro da avó, consequência dolorosa da vida indocumentada que afeta milhares de brasileiros.

"Eu fiquei 16 anos sem vir ao Brasil. Eu me lembro nitidamente o dia que a minha avó faleceu. E foi, assim, um dos piores dias da minha vida." Larissa Salvador

A advogada explicou que o objetivo de seu escritório é orientar os clientes antes mesmo do embarque, prevenindo erros e reduzindo riscos, com parcerias no Brasil e atuação forte em redes sociais: "A gente está focando no brasileiro antes de ele ir. Porque, uma vez que você entrar, é uma correria, já que o visto de turista dura apenas seis meses. Então, nosso foco é ajudar o brasileiro antes de ele pegar o voo".

De UOL, em São Paulo
Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/08/30/sofri-violencia-nos-eua-sem-saber-de-lei-protetora-diz-advogada.htm

Anterior Próxima