Paciente é transferido para UTI após visita da OAB

http://goo.gl/TGHqY9 | O paciente Antônio Marcos Farias, de 42 anos, que foi submetido a uma cirurgia no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) na sexta-feira (2) conseguiu vaga e foi transferido para a  Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após uma visita da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que visitou o paciente, lamentou o descaso com a saúde pública e pediu atenção aos representantes do hospital.

A assessoria de imprensa do Huse informou ao G1 na manhã desta terça-feira (6) que o paciente já está na UTI e que o estado de saúde dele continua estável.

OAB visita paciente

A Comissão dos Direitos Humanos da OAB visitou na segunda-feira (5) o paciente Antônio Marcos Farias, que está internado no Huse desde o dia 21 de dezembro. Na sexta-feira (2) ele foi submetido a uma cirurgia de laparatomia exploratória, que consiste em abrir o abdomêm para investigar a ocorrência de doenças, e desde então aguarda por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na ocasião, foram encontrados nódulos no fígado e fragmentos de órgãos foram retirados para a biópsia para análise da suspeita do câncer. O exame deve ficar pronto no prazo de dez dias.

Ele chegou sentindo dores abdominais e com icterícia, acúmulo da bile que deixa os olhos amarelos. Uma cirurgia estava marcada para ser realizada no dia 31 mas foi adiada. Na sexta-feira (2) ele teve complicações como colangite e abscesso hepático e foi submetido a uma cirurgia realizada pela médica Fátima Pereira. Na mesma data, a cirurgiã-geral solicitou vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas o paciente permaneceu na sala de recuperação pós-anestésica (onde é indicado ficar por no máximo oito horas após o procedimento cirúrgico) por falta de vaga na UTI e lotação na Ala Vermelha.

De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o cancelamento da cirurgia no dia 31 ocorreu em virtude da piora no estado clínico do paciente que precisou ser reavaliado para que a nova data fosse marcada. A assessoria informou ainda que a intervenção ocorreu conforme o previsto.

"É inegável que a situação de Marcos é muito delicada. O hospital tem duas salas de UTI com 27 leitos cada e ambas estão completamente ocupadas. Além disso, ainda existem 27 pedidos de encaminhamento para UTI ainda em espera e Marcos está entre esses pacientes que precisam de um cuidado mais específico", afirma Rodrigo Vasco, coordenador da área de saúde da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

A assessoria jurídica do Huse informou que o paciente estava aguardando alguém que estava na UTI receber alta médica para ocupar a a vaga.

"Nós temos uma capacidade de 54 leitos de UTI no total. O remanejamento de pacientes é feito dentro de um critério médico que avalia a situação de gravidade de cada pessoa", explica a procuradora do Huse, Zulívia Menezes.

Segundo familiares, falta a avaliação de um médico especialista. “A família levou exames realizados anteriormente que comprovam a gravidade do caso. Nenhum oncologista fez qualquer avaliação sobre o quadro”, disse o amigo da família, Márcio Oliveira, que é morador do prédio onde o paciente trabalha como porteiro.

Ainda de acordo com a assessoria jurídica do hospital, há a informação de que Marcos foi submetido recentemente a duas cirurgias em hospitais de Aracaju e Maceió, mas que o paciente não apresentou relatório médico anterior ou o atestado de alta desses lugares e isso dificulta o diagnóstico.

O paciente pernaneceu durante três dias na sala de pós-operatório sem receber visitas. “Depois da cirurgia eles me jogaram aqui e fiquei sem comer e sem beber. Às vezes eu choro de fome e de sede. O atendimento é péssimo, tenho que ficar insistindo para ter atendimento. Eu que estou tendo que tomar banho sozinho com uma gaze molhada em cima da maca porque a enfermeira não teve coragem de me ajudar no banho, ela jogou a toalha e disse que se eu quisesse que tomasse banho sozinho. Preciso de um acompanhante para me ajudar e se eu estivesse na UTI teria direito a isso”, revela Antônio Marcos.

"É desumana essa situação de estar com a saúde debilitada e não poder ver familiares. Marcos está em uma área de alta contaminação onde as pessoas recém-operadas, essa exposição pode aumentar as chances de infecção. Com base no que vimos hoje, a OAB vai encaminhar seus relatórios para os órgãos responsáveis como o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para que previdências sejam tomadas. É inadmissível que esse problema UTIs insuficientes para a demanda seja recorrente e que o Estado só fique aguardando a melhora dos pacientes para transferência de outros para o setor. É preciso uma solução eficiente, que atenda a população como manda a lei", destaca o advogado.

Fonte: g1.globo.com

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