Erika Passarelli é julgada por três mulheres e quatro homens

Crime foi cometido depois que o pai da jovem contratou dois seguros de vida totalizando R$ 1,2 milhão, cuja filha seria a única beneficiária

A ex-estudante de direito Érika Passarelli Vicentini Teixeira começou a ser julgada na manhã desta segunda-feira (10) pela morte do pai, Mario José Teixeira Filho, 50, em 2010, no Fórum Edmundo Lins, no centro de Itabirito, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O juiz Antônio Francisco Gonçalves abriu a sessão por volta das 10h. O corpo de sentença está composto por  três mulheres e quatro homens e eles ganharam 30 minutos para ler o processo. As testemunhas começaram a ser ouvidas em seguida. Estão previstas três testemunhas de defesa. A acusação perdeu o prazo e não apresentou nenhuma pessoa para depor.

A primeira testemunha de defesa começou a ser ouvida por volta das 11h20. O corretor de seguros Marcelo de Almeida prestou serviços para a ré. Ele respondeu as perguntas do advogado de defesa, Fernando Magalhães. Almeida afirmou que o pai de Érika esteve com ele e assinou duas apólices de seguro de vida, na qual a ré constava como beneficiária. Ao contratar os seguros, Filho teria contado que viajava muito e que tinha medo de morrer em uma destas viagens. Além disso, Filho teria falado que o seguro garantiria os estudos de seu filho menor e que Érika seria a tutora da criança, na hipótese da morte do pai.

Ao promotor de Justiça Cristian Lúcio da Silva, Almeida falou que  os seguros não teriam sido feitos, caso soubesse que a ré já havia sido condenada por estelionato e que pai dele era foragido da Justiça. Ainda disse que não houve nenhum pagamento à Érika e que a apólice foi cancelada após o inquérito. Almeida depôs por cerca de 30 minutos.

Carlos Manuel Rosa, amigo do pai de Érika foi o segundo a ser ouvido. Ele afirmou que várias vezes recebeu visitas de Filho com Érika e que ele a chamava de "minha loirinha", que seria a filha preferida. Ainda contou que Filho foi preso diversas vezes por estelionato, tendo inclusive prejudicado pessoas próximas. Érika seria a pessoa que mais visitava o pai no período em que ele esteve preso

Rosa disse que Filho era "maquiavélico" e que não gostava, sequer, de si mesmo. Além disso, contou que se considera amigo de Érika e que a visita todos os domingos.

O terceiro a depor foi o padrasto da acusada, o médico Fernando Drummond Teixeira. Ele afirmou que a ré era muito próxima do pai e que se preocupava muito com ele. Segundo Teixeira, após a morte da vítima, Érika teria passado a apresentar um quadro de depressão que perdura até hoje.

Ele afirmou que a ex-estudante de direito teria fugido na época em que o crime aconteceu porque se sentia ameaçada, provavelmente pelas mesmas pessoas que teriam assassinado o pai dela. O médico também afirmou que Érika era uma mãe zelosa e dedicada e que nunca teria se prostituído.

Durante a sessão desta tarde, a defesa dispensou a testemunha Pedro Paulo de Campos Dantas, que segundo Fernando Teixeira, teria sido vítima de um dos golpes de Mário Teixeira Filho.

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A ré já está no fórum. Ela veste roupa social, está maquiada e com os cabelos curtos, bem diferente de quando foi detida. Érika está sentada na mesa com os advogados. Juntos analisam o processo, utilizando notebook. Ela não aparenta estar nervosa. Érika está presa no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, desde o dia 1º de outubro de 2012, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).

Érika responde pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e mediante dissimulação. Ela foi denunciada em 4 de maio de 2011 e foi pronunciada (quando o juiz decide que um réu vai a júri popular) em dezembro de 2012.

Segundo o Ministério Público, o crime foi cometido por Érika e mais duas pessoas, que tiveram o processo desmembrado. Érika era beneficiária de um seguro de vida contratado pelo pai, calculado em R$ 1,2 milhão. A vítima foi assassinada em 5 de agosto de 2010, no km 43 da BR-356, em Itabirito. O ex-namorado, Paulo Ricardo de Oliveira Ferraz, e o ex-sogro, o cabo da Polícia Militar Santos das Graças Alves Ferraz, são suspeitos de terem participado do homicídio. O julgamento dos dois foi desmembrado e ainda não tem data para acontecer.

Relembre o caso

Mario José Teixeira Filho, pai de Érika, e que tinha 50 anos, foi encontrado morto com três tiros na cabeça dentro de um carro, às margens da BR-356, no dia 4 de agosto de 2010. Ao levantar a ficha da vítima, a polícia descobriu que ele era estelionatário e aplicava golpes na capital com a filha. Os dois já tinham sido presos, e Filho era foragido da Justiça. A polícia também descobriu que, um mês antes de sua morte, a vítima fez três seguros de vida colocando Érika como a única beneficiária.

Segundo a polícia, o plano do pai e da filha era encontrar um corpo qualquer para forjar a morte dele. A estudante receberia os seguros e dividiria o dinheiro com o pai. Porém, um desentendimento entre os dois teria levado a filha a planejar a morte do pai. Érika ficou foragida por mais de um ano e só foi presa em março de 2012. Em agosto, nas fases de instrução do processo, ela se declarou inocente, disse que desapareceu por medo e que era a filha mais próxima do pai.

Fonte: oTempo.com.br
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