http://goo.gl/ba2ebR | Sempre me intrigou que representantes do governo brandissem números de aborto clandestino como argumento para legalização. Primeiro pela impossibilidade de números confiáveis. Depois, pela confissão da impunidade que cerca esses abortos. Afinal, se a grávida encontra clínicas ou medicamentos proibidos, como a polícia não conseguiria? Ultimamente, parece ter havido mudança, com operações que desbarataram quadrilhas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Nas clínicas cariocas eram realizados abortos em adolescentes e em grávidas de sete meses, que chegavam a custar R$ 7,5 mil. A maior parte das 59 pessoas presas e das 16 foragidas tinha passagem pela polícia pelo mesmo motivo. Por que estavam soltas? E outra: serão condenadas e cumprirão a pena?
Há indícios de que impunidade está ligada à corrupção, pela participação de membros da polícia. Um lado da solução do problema está nesse tipo de ação das autoridades, desestruturando as redes corruptas da prática do crime. A investigação no Rio vinha sendo realizada há meses, mas provavelmente o desenlace esteve ligado à morte de duas mulheres que fizeram aborto. Essas precisam ser analisadas no contexto para que possamos procurar verdadeiras soluções. É preciso lembrar que não existe aborto sem morte. No Brasil e no mundo, o aborto talvez seja hoje a maior causa mortis. Foge às estatísticas, já que a criança não nascida não é registrada, não tem nome nem atestado de óbito, mas a falta de registro não muda o fato de que viveu e morreu, deixando história gravada na memória dos pais e de outras pessoas.
A mãe de Jandira Cruz, uma das mortas em decorrência de aborto no Rio, disse em entrevista que “filho a gente não esquece”. Mas ela não falava de Jandira. Referia-se a filho que ela abortou há anos, obrigada pelo marido; e, indiretamente, ao neto que também acaba de perder. O trauma provocado na mãe pelo aborto independe de esse ser legalizado. Trabalhos científicos realizados nos EUA, onde aborto é permitido, mostram que mulheres que se submeteram ao aborto provocado apresentam, em relação às que nunca o fizeram, 250% mais necessidade de hospitalização psiquiátrica, 60% a mais quadros de estresse pós-trauma, sete vezes mais tendências suicidas, 30% a 50% mais quadros de disfunção sexual. A solução não está em facilitar o aborto; mas, em inibi-lo. Manter a legislação, acabar com a impunidade, fazer trabalho educativo de valorização da vida e apoiar as grávidas em crise para que superem esse momento e tenham seus filhos.
Por Lenise Garcia
Fonte: opovo.com.br
Há indícios de que impunidade está ligada à corrupção, pela participação de membros da polícia. Um lado da solução do problema está nesse tipo de ação das autoridades, desestruturando as redes corruptas da prática do crime. A investigação no Rio vinha sendo realizada há meses, mas provavelmente o desenlace esteve ligado à morte de duas mulheres que fizeram aborto. Essas precisam ser analisadas no contexto para que possamos procurar verdadeiras soluções. É preciso lembrar que não existe aborto sem morte. No Brasil e no mundo, o aborto talvez seja hoje a maior causa mortis. Foge às estatísticas, já que a criança não nascida não é registrada, não tem nome nem atestado de óbito, mas a falta de registro não muda o fato de que viveu e morreu, deixando história gravada na memória dos pais e de outras pessoas.
A mãe de Jandira Cruz, uma das mortas em decorrência de aborto no Rio, disse em entrevista que “filho a gente não esquece”. Mas ela não falava de Jandira. Referia-se a filho que ela abortou há anos, obrigada pelo marido; e, indiretamente, ao neto que também acaba de perder. O trauma provocado na mãe pelo aborto independe de esse ser legalizado. Trabalhos científicos realizados nos EUA, onde aborto é permitido, mostram que mulheres que se submeteram ao aborto provocado apresentam, em relação às que nunca o fizeram, 250% mais necessidade de hospitalização psiquiátrica, 60% a mais quadros de estresse pós-trauma, sete vezes mais tendências suicidas, 30% a 50% mais quadros de disfunção sexual. A solução não está em facilitar o aborto; mas, em inibi-lo. Manter a legislação, acabar com a impunidade, fazer trabalho educativo de valorização da vida e apoiar as grávidas em crise para que superem esse momento e tenham seus filhos.
Por Lenise Garcia
Fonte: opovo.com.br