Enem ou vestibular: qual é a melhor opção para ingressar na universidade?

http://goo.gl/nSBY5E | Ao abordar a grande problemática, pela qual vem passando a educação brasileira, nos últimos anos, é público e notório assinalar que o país vive atualmente um dilema social no que tange a qualidade do ensino em todos os níveis. Programa de governo, projetos educacionais e discursos políticos que enfatizam a qualidade na educação têm sido recorrentes na esfera pública brasileira. Só pra exemplificar, discutem-se atualmente o processo de alfabetização das crianças até os oito anos, ensino fundamental de nove anos e inclusão escolar das pessoas com deficiência na escola comum, dentre outros.

Nosso objetivo nessas reflexões é analisar por quais razões que a cada ano vem caindo o nível de qualidade dos estudantes nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Nessas décadas que atuamos como professores, temos percebido que nos discursos dos docentes os alunos estão chegando ao ensino médio sem saber ler fluentemente, sem saber escrever corretamente e com grande dificuldade de interpretar um texto. Por conseguinte, esse discurso também vem se repetindo nas universidades, em especial, nos cursos de formação inicial.

No último dia 13/01/2015, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP) divulgou o resultado das provas do Exame Nacional do Ensino Médio. E para nossa surpresa, mais uma vez, o nível de aproveitamento dos alunos caiu em relação ao ano anterior. Dos mais de 6.000.000 de estudantes que prestaram o referido exame, 500.000 tiraram nota zero na redação e apenas 250 alcançaram nota máxima. Os dados nos chamam atenção, visto que a cada ano cresce o número de inscritos para realizarem as provas. Isso revela que mais alunos estão concluindo o ensino médio. Por sua vez, esse fenômeno também leva-nos a refletir que a cada ano mais alunos despreparados estão tentando ingressar nas universidades.

O considerável número de estudantes que tirou 0,0 na redação e o insignificante grupo que alcançou nota máxima, nos mostra que há um desnível no processo de formação desses educandos, pois nem perto podemos considerar que houve uma formação semelhante entre esses estudantes em seu processo formativo.

Nessas reflexões, algumas indagações pairam no ar: o que está acontecendo com a formação dos estudantes na educação básica? Está faltando estrutura nas escolas, lócus de formação desses alunos? Será que os professores da educação básica são valorizados e está sendo oportunizado tempo para a preparação de suas aulas? Os professores que dão aulas na educação básica, será que são e estão bem formados? As universidades estão cumprindo seu real papel quando do processo formativo desses novos e futuros educadores? Por que os alunos tiram nota 0,0 em temas simples como o da publicidade infantil? O problema desse fracasso será que está na progressão automática? Ou nos professores que ministram aulas na educação básica, ou mesmo na formação inicial desses que estão saindo das universidades? Não sei, gostaria de compartilhar essas reflexões com meus colegas professores, afinal, onde está a chave do problema?

Pensamos que diante dos dados desse exame, que irá levar cerca de 205.000 alunos às universidades, será preciso que o governo federal promova uma radical reformulação na educação básica, em especial, no ensino médio, pois o que temos percebido é que os alunos não estão aprendendo os conteúdos que estão sendo ministrados, ou o que está sendo passado não desperta nesses, interesses que leve-os a se qualificarem melhor.

Em síntese, o título desse ensaio: “Enem ou Vestibular: Qual é a melhor opção para ingressar na universidade?” Leva-nos a fazer uma reflexão: Se os nossos administradores públicos não tomarem uma radical postura em relação à educação brasileira, seguramente, não temos dúvidas em afirmar que em poucos anos o país estará em um dos últimos lugares do planeta em relação à qualidade no ensino e muito atrás dos vizinhos latinos, com PIB, indústria e riquezas infinitamente menores que as nossas.

Finalmente, pensamos que é possível fazer uma reforma na educação em todos os níveis, pois se de um lado registra reclamação de que os alunos estão saindo mal formados da educação básica, por outro, também é verdade a tese de que quem forma esses educandos são professores que acabam de concluir seus cursos de formação nas universidades.

Diante do exposto, levanta-se aqui uma tríplice indagação: o problema está na precarização da formação inicial nas universidades? Ou na má preparação dos professores? Ou mesmo no fragilizado sistema educacional que não vem conseguindo despertar nos estudantes o desejo de aprofundarem seus estudos?

Por Vanderlei Balbino da Costa e Sueide Sousa Silva, pedagoga
Fonte: atribunamt.com.br
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