OAB-DF pede que Ministério Público apure superbactérias em hospitais

http://goo.gl/3lhmCT | A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) enviou ofício à Procuradoria-Geral de Justiça do DF pedindo que o governo apure os casos de infecção hospitalar por bactérias multirresistentes, conhecidas como "superbactérias". O órgão pede a adoção de medidas cabíveis para "imputar responsabilidade" e "prevenir a ocorrência de novos casos".

A procuradoria, vinculada ao Ministério Público do DF, informou ao G1 que recebeu o documento na tarde desta sexta (5), e que deve remeter à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do MP na próxima segunda (8). Desde o fim de maio, vieram à tona infecções por superbactérias nos hospitais regionais de Taguatinga, Guará e Santa Maria e na UPA de Sobradinho.

No ofício, a seccional da OAB afirma que os casos "preocupam a toda a sociedade" e que é importante "implementar, em caráter de urgência, políticas de controle e de prevenção diferenciada nos hospitais regionais".

A Secretaria de Saúde do DF informou que lançará na próxima semana um plano distrital de enfrentamento à resistência bacteriana, na tentativa de frear a disseminação das superbactérias. Até esta sexta, 22 pacientes estavam isolados em quatro hospitais, sendo que oito deles apresentavam sintomas da infecção.

Hospitais em alerta

Desde o último dia 28, vieram à tona infecções por bactérias multirresistentes em pelo menos quatro unidades de saúde do DF. Nesta quarta, a Secretaria de Saúde informou que 16 pacientes estavam isolados no Hospital Regional de Santa Maria com a bactéria multirresistente Acinetobacter baumannii.

Eles estão em leitos de UTI e de clínica médica e, segundo o hospital, alguns foram isolados ainda em janeiro. Em dois deles, a bactéria já causou infecção. Os outros 14 estão apenas "colonizados", ou seja, não têm sintomas relacionados à presença do micro-organismo.

O Acinetobacter baumannii superresistente também atacou pacientes no Hospital Regional do Guará no último fim de semana. Até esta sexta, dois pacientes seguiam isolados por causa da infecção. Segundo a pasta, eles reagiam bem ao tratamento e tinham previsão de alta "em breve".

Em Taguatinga, as alas vermelha e amarela do pronto-socorro foram interditadas entre os dias 28 de maio e 2 de junho, após a identificação de um foco de enterococo multirresistente na área. No total, 25 pacientes foram isolados com quadros de contaminação ou colonização pela bactéria.

Em três dias, 4 dos 25 pacientes morreram na unidade, mas a secretaria afirma que não é possível estabelecer relação entre as mortes e as bactérias. Nesta sexta, três pacientes seguiam internados em isolamento.

Resistência

“Superbactéria” é um termo que vale não só para um organismo, mas para bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Enzimas passam a ser produzidas pelas bactérias devido a mutações genéticas ao longo do tempo, que tornam grupos de bactérias comuns como a Klebsiella e a Escherichia, resistentes a muitos medicamentos.

Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos – fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.

No território nacional circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência, como infecções hospitalares.

Fonte: G1

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