Supremo Tribunal Federal (STF) determina o envio ao Brasil de dinheiro atribuído a Cunha na Suíça

http://goo.gl/FAOtYK | Duas decisões do Supremo Tribunal Federal aumentaram a pressão política sobre o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, que tem papel central na abertura de um processo de impeachment.

O STF mandou trazer para o Brasil mais de R$ 9 milhões de contas atribuídas ao presidente da Câmara Eduardo Cunha, na Suíça, e decidiu que as investigações do caso não serão sigilosas.

Horas depois de o ministro Teori Zavascki ter negado o pedido do presidente da Câmara para que o inquérito sobre as contas dele no exterior corresse em sigilo, os documentos que o Ministério Público recebeu da Suíça foram divulgados.

Estão lá as cópias dos passaportes de Cunha, da mulher, Cláudia Cruz, e da filha, Danielle da Cunha, usados para abrir as contas. Outro documento mostra que Cláudia Cruz nem precisou nem viajar para o exterior para abrir uma conta em 2008. A mulher de Eduardo Cunha assinou os documentos no Rio de Janeiro, onde a família mora.

Já alguns extratos revelam que Eduardo Cunha usou o dinheiro de uma das contas para comprar ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Valores de Nova York. Em janeiro de 2009, comprou 20 mil ações por quase US$ 500 mil. Três meses depois vendeu com lucro: por quase US$ 700 mil.

Cunha continua negando que tenha as contas, mas a Procuradoria-Geral da República foi informada que advogados do presidente da Câmara questionaram o Ministério Público da Suíça duas vezes: quando as contas foram bloqueadas, em abril deste ano, e quando o MP suíço decidiu transferir a investigação para o Brasil.

Na Câmara, o deputado Silvio Costa entrou com pedido junto ao procurador-geral da República para afastar cunha da presidência da casa. O argumento é que Cunha estaria usando o cargo para atrasar o processo de cassação no Conselho de Ética, que só deve ser aberto em novembro.

"Eu tenho certeza que, além de usar o cargo para retardar regimentalmente, ele utiliza o cargo  para conversar com os seus pares. É preciso que essa casa explique à opinião pública qual é o receio que a maioria tem de pedir o afastamento de Eduardo Cunha", diz o deputado Silvio Costa (PSC/PE).

E, no mesmo ritmo que segue o processo no Conselho de Ética, vai a análise que Cunha tem que fazer do novo pedido de impeachment da presidente Dilma feito pela oposição, que incluiu supostas pedaladas fiscais deste ano.

Na terça-feira (20), Cunha disse que as pedaladas já tinham virado uma motocicleta. Na quarta (21), falou outra coisa:

"O fato de existir a 'pedalada' necessariamente não quer dizer que tenha havido o ato da presidente da República com relação ao descumprimento da lei. São duas coisas distintas. Pode existir a pedalada e não existir motivação pra impeachment", declara o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara.

A declaração dele causou enorme repercussão e, na noite de quinta-feira (22), o deputado Eduardo Cunha falou, em São Paulo, sobre a decisão do STF de trazer para o Brasil o dinheiro atribuído a ele em contas na Suíça.

"Eu não sei, não sei do que se trata. Veja bem, toda quinta-feira, nas últimas 15 semanas, se divulgam decisões ou se divulgam dados referentes a mim e aos quais eu não conheço. Na realidade, tudo que tem sido falado, eu já pedi. Meus advogados já pediram acesso e não tiveram até agora", diz Eduardo Cunha.

Fonte: g1.globo.com
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