Senado italiano finalmente aprova o casamento gay, mas retira da lei o direito à adopção

http://goo.gl/9T91Hl | O Senado italiano aprovou na quinta-feira, com 173 votos a favor e 71 contra, a lei dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas o diploma foi tão alterado que quando foi votado já pouco tinha do original da senadora Monica Cirinnà, do Partido Democrático (PD).

A nova lei tem ainda que passar pela Câmara de Deputados, onde a sua aprovação é considerada segura. Basicamente, o que os casais do mesmo sexo italianos conseguiram foi o direito de casar. A possibilidade de um dos membros do casal adoptar os filhos naturais do cônjuge foi retirada, assim como a alínea conhecida por "compromisos de fidelidade", que se incluiu nas uniões civis heterossexuais e que saiu do projecto de lei para sublinhar que existe uma diferença, ainda que simbólica,em relação aos casamentos dos heterossexuais.

A chamada cláusula da "adopção do enteado" teve uma forte oposição por parte dos partidos de centro-direita e da Igreja Católica. Ainda assim, a deputada Maria Elena Boschi, ministra das reformas constitucionais e a responsável pela mediação do debate, disse num comunicado após a votação que a lei "institui finalmente que o projecto de vida de duas pessoas do mesmo sexo não é menos válido do que o de um homem e uma mulher".

"Foi uma meia vitória", disse Monica Cirinnà. "Foi só um primeiro passo, porque esta é uma lei importantíssima. Mas também penso nos filhos de tantos amigos que não podem ser adoptados por aqueles que consideram ser os seus pais ou mães. Devemos continuar a dar passos, estamos só a meio caminho", disse.

Muitas associações gay, lésbicas, transsexuais e bisexuais rejeitaram esta votação de uma lei que, disseram, obrigará os casais do mesmo sexo a avançar para a adopção judicial, deixando a decisão nas mãos dos magistrados.

"É uma lei vazia e inútil", disse  Marilena Grassadonia, presidente da Rainbow Families Itália e da associação de pais LGBT. "Como pais, desafiamos quem quiser a aceitar uma lei que fere a nossa dignidade e as nossas crianças".

Os senadores do Movimento 5 Estrelas optaram por não participar na votação. Do lado dos senadores e políticos que são contra o casamento gay, surgiram reacções diversas. A imprensa italiana sublinha uma, a do ministro do Interior, Angelino Alfano, líder do Novo Centro Direita (e antigo delfim de Silvio Berlusconi): "Evitámos uma revolução contranatura". A pressão dos parceiros da coligação no governo levaram o primeiro-ministro, Matteo Renzi (PD), a avançar com a lei, apesar de esta ter sido reduzida apenas ao reconhecimento do direito de casamento.

A aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo motivou um intenso debate político e social, com manifestações a favor e contra. A Igreja Católica (para quem só existe casamento quando é realizado pela Igreja) manteve-se bastante à margem do debate. Mas na sexta-feira, depois da votação, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, disse estar satisfeito por os homessexuais não poderem adoptar. "Há que evitar todo o tipo de procedimentos que equiparem as uniões civis aos matrimónio", disse.

Fonte: publico pt

0/Comentários

Agradecemos pelo seu comentário!

Anterior Próxima