Advogada larga 20 anos de carreira para fazer Medicina com a filha e o marido

goo.gl/z8v88s | Aos 40 anos, Adriana Regina de Almeida Fernandes sempre sonhou em ser médica. Após duas décadas dedicadas à advocacia, ela abriu mão de tudo em Campo Grande para viver um sonho ao lado da filha e do marido na Argentina. Juntos, os três encararam a sala de aula de uma universidade para voltarem ao Brasil médicos.

Adriana formou-se em Direito, tinha escritório próprio, fez pós, mestrado e doutorado na área.  Na época, a falta da comodidade que a internet traz hoje falou mais alto. "Quando tinha 18 anos, passei no vestibular. Porém, em outra cidade, no interior paulista. Por medo e insegurança, desisti de ir e ingressei em Direito", conta.

Mas a Medicina nunca lhe saiu da cabeça. "Me dedicava, mas nunca me encontrava e sempre me perguntava, porque desisti do meu sonho de ser médica e cuidar de pessoas".

Adriana então casou, teve uma filha, dois escritórios em duas cidade, encarou 20 anos de audiências, processos, clientes até viver a realidade do divórcio, o que serviu e pontapé para ela novamente se questionar sobre a vida. "Pensei: e agora? Tenho uma criança e preciso seguir em frente”.

Aninha, realizada com as aulas.
A dúvida era como desistir de toda estabilidade e carreira para inciar uma nova faculdade que exigiria dedicação exclusiva e integral. Foi quando a filha, Victoria Fernandes Lolata, hoje com 18 anos, despertou a coragem em Adriana.

"Tudo começou há três anos, minha filha entrou no Ensino Médio e estava decidida a Medicina. Pesquisei inúmeras universidades brasileiras, públicas e privadas. Diante da concorrência, ela mudou-se para Goiânia, para continuar os estudos", conta.

Enquanto em Campo Grande, Adriana ao lado do novo marido, Jailson Mendonça Haine, de 42 anos, não sossegou. "Fiz levantamento de possibilidades de ingresso e custos para mantê-la em outra cidade, quando ela me disse que queria estudar na melhor universidade da América Latina, a UBA (Universidade de Buenos Aires). E para se adaptar, minha filha me pediu que fosse ficar com ela os primeiros seis meses".

Foi quando Adriana decidiu conversar com a filha, a família e o marido, sobre o sonho que havia ficado no passado. Para sua surpresa, Victoria amou ter a mãe como amiga na academia e além do apoio, ganhou ao lado o padrasto, que ex-tecnólogo de Mecatrônica, também decidiu fazer Medicina ao lado da esposa.

Os três descobriram então como ingressar em Medicina na Argentina e, embora muitos questionem a falta de vestibular, Adriana esclarece que o processo não é mole. "Há um período de avaliação, aulas, pesquisas, muito estudo e provas de todas as matérias exigidas pela Universidade, inclusive, fluência em espanhol. Ou seja, seu único concorrente é você mesmo".

Filha incentivou mãe e padrasto a
encararem seus sonhos.
Com a aprovação na Universidade, a família começou então a levantar acampamento em 2016. E sem contratar uma assessoria para ajudá-los fora do país, sozinhos, passaram a se organizar para viver, pelo menos, cinco anos longe do Brasil. "Nos organizamos financeiramente, vendemos os carros, fechamos o apartamento e partimos. Levamos somente algumas malas, dois cachorros, computadores, sonhos e muita vontade de voltar médicos".

Inicialmente, a família começou a graduação na Uba, em Buenos Aires, mas diante do custo de vida alto, decidiram morar no interior da Argentina. "Hoje moramos os três em La Rioja e nos dedicamos integralmente à Medicina", comemora Adriana.

Tanto que os horários da família são super corridos, enquanto falamos com a Adriana, a filha e o marido ainda estavam na universidade. "Abrir mão da carreira jurídica, onde militei por quase 20 anos, não foi difícil. Foi libertador, enfim, vou estudar o que sempre sonhei e me dedicar às pessoas".

Hoje, ela garante ser uma mulher mais motivada, embora acredite que o passado no Direito tenha sido necessário. "Sem ele, não teria as experiências que vivi e talvez não teria seguido hoje a direção correta. Sem dúvidas, começar tudo de novo assusta. Mas depois de cada passo, percebemos o quanto seria perigoso continuar parada".

Ana e o marido, juntos, pelo mesmo sonho.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Todos os dias, depois das aulas, a família agradece por mais um vitória na graduação. "O que me encanta é termos a convicção de que médico não é apenas para curar, mas cuidar. Hoje, muitos doutores nem se dão ao trabalho de levantar a cabeça e olhar nos olhos de seus pacientes. O toque, a conversa, o escutar têm sido objetos fora de moda, vencidos pelo tempo".

Mas a família quer fazer diferente e voltar ao Brasil com a missão de transformar a vida dos pacientes. "A Medicina não pode perder sua ternura. A humanização da prática médica precisa novamente ser valorizada e quando voltarmos ao Brasil, a primeira coisa é fazer missões. Vamos ajudar de forma humanitária".

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Por Thailla Torres
Fonte: www.campograndenews.com.br

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