Corregedor diz que ‘juiz do futuro’ será humanista com forte capacidade de gestão

bit.ly/2WOJOnr | O ministro Humberto Martins, corregedor-nacional de Justiça, avalia que ‘a magistratura será uma das funções mais desafiadoras do século XXI’, Para ele, ‘não existe mais espaço para um papel do magistrado como aplicador lógico e mecânico de leis aos casos concretos’.

“Esse papel é passível de substituição por sistemas automatizados. O magistrado do futuro será um humanista com forte capacidade de gestão e de interação social.”

Humberto Martins desenhou o perfil do juiz do futuro durante o 81.º Encontro Nacional do Colégio Permanente de Corregedores Gerais (Encoge), em São Paulo, na noite desta quinta, 16. As informações foram divulgadas pela Corregedoria.

O ministro acentuou que, ‘aos poucos, as mudanças tecnológicas estão alterando as rotinas de trabalho e de julgamento, e os processos judiciais em meio físico estão dando lugar aos processos eletrônicos virtuais’.

Ele destacou que a inteligência artificial está sendo gradualmente aplicada aos processos eletrônicos; o teletrabalho dos servidores já foi regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça e já é uma realidade em diversos órgãos do Judiciário.

“Todos os exemplos que acabei de citar facilitam o acesso dos cidadãos ao Poder Judiciário, tornando o processo mais célere e menos burocrático, assegurando uma duração razoável do processo, além de dar mais transparência ao andamento processual, pois, pelos recursos tecnológicos disponíveis, é possível acompanhar, em tempo real, os atos de gestão e jurisdicionais de todas as unidades judiciárias do país“, afirmou o corregedor.

Humberto Martins ressaltou que os magistrados brasileiros ‘também possuirão um forte papel de gestores dos tribunais e de seus órgãos jurisdicionais’.

De acordo com o ministro, os juízes deverão radicalizar os processos de inovação na gestão de suas unidades e no conjunto da Justiça.

“Todos sabemos que as últimas décadas foram marcadas pela necessidade de que o Poder Judiciário brasileiro se reinventasse. A minha crença reside firmemente no fato de que os magistrados deverão possuir um papel ativo nos órgãos judiciários como gestores não somente de processos.”

O corregedor disse que os juízes ‘são gestores de pessoas’.

“Para melhor desempenhar essa função, será muito importante maximizar as competências de relação interpessoal. Saber mediar conflitos e crises no dia a dia dos tribunais”, enfatizou.

Humberto Martins disse ainda que os magistrados ‘precisarão treinar as suas capacidades criativas e humanistas’.

“Para que o trabalho humano seja útil, haverá necessidade de que o potencial criativo seja maximizado. Um bom exemplo é a realização negocial do direito. Os juízes serão muito importantes para promover a mediação e a conciliação”, prega o ministro.

Conectividade


Ele falou sobre a relação entre a mídia e o Judiciário, ‘que reproduz a difícil equação existente entre transparência e recato na condução das políticas públicas’.

Para o ministro, demonstrar o funcionamento racional do sistema jurídico e judiciário é uma função absolutamente relevante do Judiciário.

Humberto Martins considera ‘necessário romper com o hermetismo que cerca os afazeres cotidianos dos julgamentos e perseguir um pouco de equilíbrio entre a necessidade de abertura e o imperativo legal do recato’.

“A imagem pública de um magistrado requer a reflexão de seu papel isento e pacificador das disputas sociais. Tais conflitos envolvem cidadãos, mas também acabam por integrar empresas e entes estatais. A imagem de isenção e de correção ética é muito importante para fortalecer o Poder Judiciário perante a sociedade”, assinalou.

Corregedorias modernas


O ministro destacou que cabe à Corregedoria Nacional e às corregedorias locais o controle dos resultados, no aspecto da eficiência, na difusão das boas práticas, no acompanhamento simultâneo da atuação dos magistrados e servidores, além das serventias extrajudiciais, ‘com medidas corretivas que se fizerem necessárias, impedindo a má utilização dos recursos humanos e materiais disponíveis’.

Para ele, ‘as corregedorias precisam ter uma administração participativa e moderna, aberta ao debate de ideias que possam trazer melhoras ao sistema de controle do Judiciário’.

“Em outras palavras, na medida em que as corregedorias identificam os problemas e propõem as soluções, estão contribuindo para a gestão do Poder Judiciário.”

Fonte: Estadão

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