Jack Greener, de 30 anos, era um faixa-branca iniciante que lutava com seu professor, o faixa-preta Francisco Iturralde, de 33, quando sofreu uma lesão catastrófica em 2018, que esmagou suas vértebras cervicais e o deixou tetraplégico. Um vídeo do incidente mostrou o momento em que o instrutor vira Jack para a frente e torce o seu pescoço.
"O instrutor faixa-preta aplicou uma técnica que colocou todo o peso do seu corpo no pescoço de Greener, fazendo com que ele caísse instantaneamente mole e perdesse toda a função dos membros", disse o americano Rener Gracie, neto do brasileiro Helio Gracie, que foi chamado como testemunha especialista no caso, de acordo com o "NY Post".
Royler Gracia, tio de Rener, discordou do parecer apresentado à Justiça dos EUA, afirmando que o caso foi um "acidente".
"O que eu vi foi um acidente, completamente um acidente. Não me diga que é negligência do professor ou da academia. Sinto muito pelo que aconteceu com o aluno, e eu acredito que ele deva ter algo pelo resto da vida", disse Royler a um canal no YouTube.
![]() |
JackGreener (à esquerda) e Francisco Iturralde (quimono preto) — Foto: Reprodução/YouTube; Instagram |
Jack ficou hospitalizado por vários meses, sofrendo múltiplos derrames em consequência dos ferimentos. Ele processou a academia Del Mar Jiu Jitsu, em San Diego (Califórnia), pelos ferimentos que atribuiu a Iturralde, que era conhecido pelo seu "estilo de luta dinâmico e agressivo", de acordo com sua biografia em um site que vende tutoriais.
Na primeira decisão do caso por um júri em San Diego, Jack, que agora é alpinista e palestrante motivacional, teve direito a US$ 46 milhões (R$ 257 milhões).
O academia recorreu da decisão à Suprema Corte da Califórnia, que se recusou a anular a sentença nesta semana. O veredito também foi confirmado por um painel de apelação estadual no fim do ano passado. Com juros pós-julgamento, o valor agora ultrapassa US$ 56 milhões.
A decisão final do tribunal de apelação "consolida uma vitória jurídica crítica não apenas para nosso cliente, mas também para atletas lesionados em toda a Califórnia, ao reafirmar que instrutores e instalações esportivas podem ser responsabilizados quando aumentam irracionalmente os riscos além daqueles inerentes ao esporte", disse um dos advogados de Jack, Rahul Ravipudi.
Não há mais recurso cabível na esfera estadual. Assim, a academia apelou à Suprema Corte Federal.
Fonte: extra.globo.com