A decisão de Moraes foi tomada após o ex-presidente fazer um discurso na saída de uma reunião com parlamentares da oposição nesta segunda (21) na Câmara dos Deputados. A fala foi filmada e reproduzidas em diversas redes sociais de terceiros.
As medidas cautelares às quais Bolsonaro está sujeito — confirmadas pela maioria dos ministros da Primeira Turma do STF — envolvem além do uso de tornozeleira eletrônica, a proibição pelo ex-presidente de usar redes sociais (leia mais a seguir).
Tais medidas foram aplicadas pelo ministro em razão de indícios de que o ex-presidente tenta atrapalhar o processo em que é réu por tentativa de golpe de Estado.
🔎As medidas cautelares são medidas restritivas impostas pela Justiça a uma pessoa investigada ou ré, quando o juiz entende que a prisão não é necessária, mas que ela deve seguir algumas regras para não atrapalhar a investigação ou o processo.
A fala de Bolsonaro na Câmara ocorreu mesmo após um despacho de Mores desta segunda que reforçou a proibição envolvendo as redes sociais. Segundo Moraes, a proibição inclui:
• transmissões;
• retransmissões;
• veiculação de áudios;
• vídeos;
• ou transcrições de entrevistas.
Moraes também foi taxativo no que se refere à fonte. Segundo o ministro, não apenas publicações feitas diretamente por Bolsonaro estão passíveis de sanções.
O ministro pontuou que Bolsonaro pode ser responsabilizado por atos em redes sociais de terceiros em quaisquer plataformas (entenda mais abaixo).
Alexandre de Moraes alertou ainda que o investigado não pode se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão.
Intimação de advogados
Depois das ações de Bolsonaro, Moraes determinou a intimação dos advogados de Bolsonaro para, no prazo de 24 horas, "prestarem esclarecimentos sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas, sob pena de decretação imediata da prisão do réu".
Na avaliação de juristas, no caso de uso de redes sociais de terceiros, o que pode pesar para configurar o eventual descumprimento é justamente a conduta do investigado, se ele induziu a postagem.
A defesa do ex-presidente confirmou à GloboNews que foi notificada da decisão do ministro e informou que vai se manifestar ainda nesta terça.
Medidas restritivas
Entre as medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes ao ex-presidente Jair Bolsonaro na última sexta (18) estão:
• uso de tornozeleira eletrônica;
• proibição de uso de redes sociais;
• toque de recolher noturno e nos fins de semana;
• além de restrições de contato com seus filhos, diplomatas e outros investigados.
O presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, assim como os ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, acompanharam Moraes, relator do caso, consolidando maioria para manter as restrições impostas a Bolsonaro.
O ministro Luiz Fux foi o único da Primeira Turma que divergiu, e foi o último dos cinco ministros a votar no plenário virtual da Corte.
O STF identificou que, mesmo réu no processo da chamada trama golpista, Bolsonaro continua agindo para interferir na investigação — agora com ajuda do filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos
Na investigação contra Eduardo Bolsonaro, a Polícia Federal identificou o alinhamento dos dois em ações ilícitas. Por isso, solicitou a aplicação das medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, o que teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Por Márcio Falcão, Isabella Calzolari, Mariana Laboissière, g1, TV Globo e GloboNews — Brasília
Fonte: g1