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Jurados revelam que réu tentou influenciar julgamento: ‘pediu uma força’

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Via @maisgoias | Às vésperas de ser julgado por tentativa de homicídio contra um desafeto chamado Marquinhos, o réu Edimilson José de Oliveira foi atrás de pessoas que haviam sido sorteadas para participar do tribunal do júri, no dia 26 de agosto de 2025, em Caiapônia (GO), e tentou influenciar o voto delas. A denúncia foi feita pelos próprios jurados ao Ministério Público Estadual. São relatos como o de Adalberto Silva Pimentel, que declarou que Edimilson compareceu pessoalmente à loja dele, identificou-se como a pessoa ‘do caso de Marquinhos’ e pediu ‘uma força’.

Com base nessas declarações e na informação de que a esposa de Edimilson, Divina Alves Cruvinel, é tia materna da atual primeira-dama da cidade, Bianca Cruvinel Cotrim, o MP convenceu a relatora, desembargadora Rozana Camapum, e a 4ª Turma da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás a desaforar o julgamento, ou seja: realizá-lo em outra comarca. O acórdão foi publicado no dia 02 de outubro de 2025. A sessão do júri, a princípio marcada para 26 de agosto, já estava suspensa em caráter liminar justamente em razão dos indícios de influência política da família de Edimilson sobre o processo.

Além de Adalberto Pimentel, foram ouvidos os jurados Felipe Jordão Almeida Silva, Wilker Moreira da Silva, Sara Cristina Almeida Gomes, Welignton Rodrigues Horbylon, Guilherme Martins Alves e Karine Rodrigues Duarte Miranda. Os três primeiros disseram que o réu é cliente habitual dos estabelecimentos comerciais dos quais eles são donos. Welignton admitiu que tem laços de amizade com Edimilson, e que os dois inclusive têm o costume de beber juntos. Guilherme reconheceu que não teria isenção para julgar o caso, porque é vizinho do réu. E Karine, segundo o acórdão, “trouxe à tona alegações de oferecimento de vantagens financeiras a jurados”.

A desembargadora cita ainda como agravante o fato de participarem do corpo de jurados alguns servidores públicos municipais, o atual tesoureiro da prefeitura, Uriel Gouveia Zacarias, e professores da rede pública.

O MP também juntou aos autos fotografias de Edimilson ao lado do prefeito Argemiro Rodrigues Santos Neto, que a relatora descreve como “político de relevo regional, reeleito para o terceiro mandato com ampla maioria”.

“Oportuno salientar que, para o deferimento do pedido de desaforamento não se exige a demonstração inequívoca da parcialidade dos jurados, sendo bastante a presença de fundada dúvida quanto à sua imparcialidade”, pontua a desembargadora.

O que diz a defesa

“A defesa de réu Edmilson José manifesta que de todos os 25 jurados ouvidos, o único que manifestou que teria conversado com o réu deixou claro e seu depoimento sua lisura e desimpedimento de julgar, inclusive encaminhamos o vídeo a redação do Mais Goiás”.

“Inclusive todos os jurados foram abordados pelo MP sem comunicação no processo, o que gerou por parte da defesa pedido de novo sorteio de jurados”.

“A defesa estuda a possibilidade de recurso para o STJ mas, ressalta ainda, que confia na decisão dos jurados, seja em qualquer localidade, diante da realidade dos fatos”.

Por Alexandre Bittencourt
Fonte: maisgoias.com.br

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