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“A voz de um inocente foi escutada”, diz irmã de homem que será solto após 15 anos preso

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Via @metropoles | Irmã de Francisco Mairlon, inocentado no caso do Crime da 113 Sul após 15 anos preso, deixou a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) chorando, nesta terça-feira (14/10). “Não tenho palavras. Estou muito melhor do que nesses 15 anos”, declarou Naiara Barros Aguiar.

“Graças a Deus a voz de um inocente foi escutada. Eu lutei muito para esse dia acontecer”, disse Naiara. “Só quero ver meu irmão livre e inocente nessa situação. É difícil acreditar que isso aconteceu. Estive com ele recentemente. Ele tem esperança de sair logo”, afirmou.

Por unanimidade, os ministros anularam todo o processo de Francisco Mairlon e determinaram a soltura imediata dele, que completaria 15 anos na Papuda no mês de novembro.

Francisco Marilon tinha sido condenado a 47 anos, 1 mês e 10 dias de prisão por participar do triplo homicídio do casal José e Maria Villela e da funcionária da família Francisca Nascimento Silva.

À época dos fatos, Francisco foi preso após ser citado pelos dois executores confessos do crime, o porteiro Leonardo Campos Alves e Paulo Cardoso Santana.

Porém, anos depois, Paulo Santana mudou o depoimento dado à polícia em 2010 e assegurou que Francisco Maírlon Barros não participou dos homicídios.

O caso foi levado ao STJ pela ONG Innocence Project. A advogada Dora Marzo disse que “a única coisa invocada como lastro para a denúncia, para a sua pronúncia, o único elemento apresentado aos senhores jurados e que, finalmente, foi também utilizado para que acabasse tendo sido mantida sua condenação, foram confissões extrajudiciais”.

Votos

O ministro Sebastião Reis Júnior disse que “é inadmissível que em um Estado Democrático de Direito um acusado seja pronunciado e condenado por um tribunal de juiz leigos apenas com base em elementos de informação da fase extrajudicial, dissonante das provas produzidas em juízo e sob o crivo do contraditório”.

Rogerio Schietti sugeriu que houvesse mudança na maneira de colher depoimentos em investigações para que “não se fie mais nessa técnica que tem sido reverberada há cerca de setenta anos e passemos a adotar outro tipo de protocolo que dê confiabilidade a esta prova e dê alguma racionalidade para a atividade investigativa na fase pré-processual”.

“Nós temos documentos internacionais que orientam produção de depoimentos e entrevistas eficazes com técnicas civilizadas, que sejam compatíveis com que nós esperamos de processo penal, fincado na racionalidade e não na subjetividade e nesse tipo de expediente que é vergonhoso e levou à prisão um rapaz por 15 anos e somente agora, no STJ, se consegue reparar, ainda que muito parcialmente, este grave erro”, afirmou.

Og Fernandes disse que os vídeos são claros no sentido de que os depoimentos não tinham como objetivo a “busca da verdade, mas quase que uma coação moral, em regra aplicada a pessoas de pouca estrutura intelectual”.

Por Thalita Vasconcelos, Samara Schwingel e Isadora Teixeira
Fonte: metropoles.com

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