Justiça não vai resolver o problema da corrupção no Brasil, diz juiz federal Sérgio Moro

http://goo.gl/5ORhXC | O juiz Sérgio Moro, titular dos inquéritos e ações penais da Operação Lava-Jato na primeira instância da Justiça Federal no Paraná, alertou para o risco de a investigação não alcançar o topo do braço político que desviou recursos da Petrobras e impedir um “aventureiro” no poder, referindo-se ao ex-premiê italiano Silvio Berlusconi.

Durante evento que debateu o crime de lavagem de dinheiro promovido pelo Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, o magistrado traçou um paralelo com a "Mani Pulite", a Operação Mãos Limpas realizada na Itália na década de 90 e que abalou o sistema político daquele país com um total de 800 prisões cautelares e quatro mil processados por corrupção.

Ao ser indagado pelo Valor PRO se a Lava-Jato pode produzir um Silvio Berlusconi no Brasil, Moro foi tachativo: "Não acho que é inevitável que ocorra, como aconteceu na Itália, que algumas dessas conquistas tenham sido perdidas e que tenha sido propiciado ali um aventureiro a assumir o cargo de primeiro-ministro". Belusconi foi condenado por corrup

Para o magistrado, o combate à corrupção no Brasil está mais nas mãos da sociedade do que nas do Poder Público.

"Isso depende mais da sociedade. O futuro não está escrito e se algumas oportunidades me parece que foram perdidas na Itália, me parece que não necessariamente devem ser perdidas aqui no Brasil. Isso depende mais da sociedade do que do Poder Público. Não se vai esperar que a Justiça criminal ou o Poder Público de maneira muito ampla vão resolver o

Na avaliação de Moro, o setor privado não está sujeito à burocracia estatal e "tem condições de liderar um movimento contra a corrupção de uma maneira muito mais direta do que o próprio Poder Público".

Moro também rebateu proposta de projeto legislativo que pretende impedir que investigados presos façam acordo de delação premiada. "Me parece um disparate"

"A ideia parte de premissas que não estão demonstradas. A grande maioria dos colaboradores [da Lava-Jato] não estava presa. Nesse tipo de projeto se esquece que a colaboração é importante para a investigação, mas é também um meio eficaz de defesa. Então o preso não pode colaborar? E o direito à ampla defesa", indagou.

Moro prosseguiu: "Então se o Ministério Público tiver interesse na colaboração do investigado vai ter de se manifestar pela sua soltura para então poder negociar?", questionou.

Para o juiz, o projeto tem "dois problemas sérios. Parte de premissas que não estão demonstradas e fere o direito de defesa do réu".

Fonte: valor.com.br
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