Prakash e Kamal Hinduja, o filho deles Ajay e sua esposa Namrata foram considerados culpados pelos crimes de exploração de mão de obra e emprego ilegal. Eles foram absolvidos da acusação mais grave, de tráfico de pessoas. O veredito do caso, julgado desde o último dia 10, foi dado por três juízes suíços.
Os abusos cometidos pela família magnata de origem indiana incluiam a apreensão dos passaportes dos trabalhadores, em sua maioria indianos analfabetos empregados em sua luxuosa vila à beira do lago em Genebra.
Os Hinduja não deixavam os empregados sair de casa sem autorização e os pagavam em rúpias indianas — não em francos suíços — em bancos na Índia, aos quais eles não tinham acesso. Segundo a promotoria, eles também davam um salário de sete francos suíços (cerca de R$ 50) por dia de trabalho aos empregados, um décimo do valor para tal emprego na Suíça, e impunham jornadas diárias de até 18 horas.
Dona do conglomerado de empresas Hinduja, a família tem patrimônio avaliado em cerca de £ 37 bilhões (R$ 253,4 bilhões) e possui uma vila no bairro rico de Cologny, em Genebra.
Prakash e Kamal Hinduja receberam quatro anos e meio de prisão cada, enquanto as penas de Ajay e da esposa foram de quatro anos. O gerente dos negócios da família também foi condenado a um ano e meio de reclusão. A corte também ordenou que a família devolva os passaportes aos empregados.
As acusações de tráfico foram descartadas com o argumento de que os funcionários entendiam o que estavam aceitando, pelo menos em parte.
Segundo o tabloide britânico "The Daily Mail", o promotor Yves Bertossa também pediu compensações financeiras para os ex-funcionários, de 3,5 milhões de francos suíços (R$ 21,4 milhões), além de um milhão de francos (R$ 6,1 milhões) para cobrir custos do processo, de acordo com a mídia indiana.
Outro detalhe do caso que foi trazido à tona pela promotoria é que os Hinduja gastavam mais com seu cachorro do que com os funcionários. Segundo o jornal "India Today", os gastos da família com o cão eram de pouco mais de 8.500 francos (cerca de R$ 52 mil) por ano --enquanto isso, o salário anual de um empregado era cerca R$ 18.250, dado que a pessoa trabalhe os 365 dias no ano.
A defesa de Ajay Hinduja afirmou em tribunal que as acusações de jornadas de trabalho de 18 horas eram um exagero e que, pela família custear a alimentação e a hospedagem dos funcionários, seus salários "não podem ser simplesmente reduzidos ao que foi pago em dinheiro". A defesa da família disse ainda que os Hinduja não estavam envolvidos na contratação e na rotina dos empregados.
Sobre as longas jornadas de trabalho, a defesa da família disse também que assistir a um filme com as crianças Hinduja não poderia ser considerado realmente trabalho.
Um dos advogados da família disse à revista "Forbes" que a acusação criminal é "excessiva" e acusou o promotor de ser tendencioso em relação aos Hindujas.
Fonte: g1