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Irlanda lança campanha contra o “sharenting” e alerta: postar sobre seus filhos pode expô-los a riscos reais

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Via @b9.com.br | A Irlanda acaba de colocar luz em um tema que pais do mundo inteiro tratam com naturalidade: postar fotos e rotinas dos filhos nas redes. A nova campanha “Pause Before You Post”, criada pela Core para a Data Protection Commission (DPC), dramatiza como o chamado sharenting — mistura de sharing com parenting — pode expor crianças a riscos que vão muito além do constrangimento futuro.

Por que importa: o fenômeno é global. Estudo citado pela campanha mostra que pais publicam em média 63 fotos dos filhos por mês e que apenas 20 imagens já são suficientes para gerar um deepfake convincente. Ao mesmo tempo, 50% das imagens de crianças encontradas em fóruns criminosos foram postadas inicialmente… pelos próprios pais. É uma discussão sobre privacidade infantil, mas também sobre responsabilidade digital de adultos.

O filme da campanha acompanha Éabha, uma menina cujos pais compartilham registros aparentemente inofensivos: aniversário, uniforme do clube de futebol, rotina da escola, falta de pontualidade do pai, amigos, voz, rosto, hábitos. A narrativa mostra três estranhos que, só a partir desses fragmentos postados, conseguem reconstruir a vida da criança, inclusive baixar fotos para os próprios telefones.

A peça não usa choque gratuito. A estética é de drama televisivo, não de “campanha do medo”, reforçando que o risco não está em um post específico, mas na soma deles. Quando pais revelam nome completo, data de nascimento, localização, hobbies e horários, criam uma trilha de dados que pode ser explorada para deepfakes, fraudes, perseguição ou uso indevido de imagem.

A campanha estreou na Irlanda e ganhou versão dublada em francês para a CNIL, autoridade de proteção de dados da França, que também identifica sharenting como tema emergente de segurança infantil. É um movimento coordenado de autoridades europeias para colocar o assunto na agenda pública.

A DPC destaca ainda o impacto social: fotos consideradas “engraçadas” hoje podem alimentar bullying amanhã; vídeos de crises, birras ou vulnerabilidades podem prejudicar a reputação digital de crianças que nem idade têm para consentir. O ponto não é proibir, mas criar um hábito simples: pausar (e pensar) antes de postar.

A real: a campanha toca em nervo exposto. Em um mundo em que pais são pressionados a compartilhar “vidas perfeitas”, privacidade infantil vira dano colateral. A peça acerta porque não demoniza tecnologia, responsabiliza comportamento. O debate deve crescer, especialmente com avanços de IA generativa e deepfakes.

Por Carlos Merigo
Fonte: https://www.b9.com.br/176005/criancas-sharenting-riscos-redes-sociais/

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