Por que parece tão difícil colaborar trabalhando com advogados? Por Márcio Manincor

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O Direito no Brasil é historicamente visto como sinal de status e de poder. Não é por acaso que 22 dos 38 dos presidentes da república que ocuparam o cargo mais alto de poder em nosso país têm formação jurídica e atuaram, antes de assumir o cargo, como advogados ou juristas. Um conhecimento aprofundado das leis e formas de organização social como um todo, de fato é um diferencial que facilita o despertar da vocação para liderança de tais organizações.

Entretanto, ao mesmo tempo que juristas se consolidaram em posições de dominância, criou-se uma esfera quase mística em torno da formação de prestadores de serviços jurídicos como um todo. Isso faz com que profissionais do Direito, por mais que se esforcem (ou não) para romper com esse distanciamento, sejam vistos e tratados como superiores, gerando uma atmosfera que beira a arrogância.

Vivemos hoje num contexto cada vez mais conectado e o trabalho colaborativo e interdisciplinar é essencial para o sucesso de qualquer profissional - inclusive do Direito.

Juristas, em geral, tendem a trabalhar e conviver entre si, com pouca ou nenhuma interação com profissionais de outras áreas. Isso ocorre desde a própria graduação, onde a maioria dos cursos de Direito de grandes universidades possuem uma unidade própria, afastada do campus central. São poucos os graduandos que buscam cumprir matérias fora do curso tradicional do Direito, e talvez menos ainda as instituições que incentivam essa interdisciplinariedade de maneira séria e efetiva.

Essa divisão vai se acentuando conforme a especialidade técnica da linguagem jurídica “vicia” os profissionais do Direito a se comunicarem de maneira rebuscada e cheia de jargões, mesmo fora de ambientes profissionais. Finalmente, na trajetória profissional de um jurista, acaba-se passando a maior parte do seu tempo com outros bacharéis de seu mesmo curso, seja dentro ou fora dos escritórios.

E por que colaborar, afinal?

Equipes mais diversas, tanto em expertises quanto em questões sociais como um todo, produzem muito mais e melhor do que equipes mais uniformes. Isso se dá por três principais motivos:

  1. Elas se atentam mais aos fatos. Contextos diferentes fazem com que as pessoas vejam o mundo de jeitos diferentes, o que faz com que enviesamentos e preconceitos não prejudiquem as tomadas de decisão.
  2. Elas processam esses fatos de maneira mais cuidadosa. Levando esses diferentes pontos de vista em consideração, esses fatos são trabalhados também à partir das diferentes lentes dos membros das equipes.
  3. Elas são mais inovadoras. Alcançar soluções fora da caixa é bem mais fácil quando você pode contar com pessoas de bagagens diferentes para opinar sobre determinados problemas.

No Direito, é cada vez mais comum encontrarmos cargos como Chief Innovation Officers de grandes escritórios, equipes de T.I. já fazem parte da rotina dessas organizações e hoje existe uma série de cursos de especialização para advogados em marketing jurídico, legal design, análise de dados, cibersegurança e programação.

E claro, não é segredo nenhum que novas ferramentas tecnológicas à disposição dos advogados têm transformado a maneira como são prestados os serviços jurídicos. Para conseguir escolher e utilizar da melhor maneira possível tais ferramentas, é importante ter um mínimo de conhecimento acerca de como elas funcionam e como elas podem melhorar a atuação de advogados.

Como se preparar para esse novo contexto

Antes de tudo, é importante entender que essa preparação deve ter como principal objetivo conseguir entender, conversar e trabalhar com profissionais de outras áreas para melhorar ainda mais a sua própria prática jurídica.

Aqui no Jus, por exemplo, temos uma equipe variada de desenvolvedores, designers, advogados e publicitários que necessariamente devem conseguir “falar a mesma língua”. Uma vendedora não tem que saber escrever linhas de código e uma desenvolvedora não precisa saber lidar com atendimento ao cliente, mas é importante que ambas consigam comunicar suas demandas entre si e colaborar mesmo trabalhando em unidades de negócio diferentes.

Algumas maneiras de se manter atualizado é acompanhar sites de organizações que falam sobre temas atuais no Direito, como o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, o Legal Hackers e a AB2L. Se o seu inglês estiver afiado, vale a pena acompanhar as notícias do CodeX, do Legal Design Lab, do LegalTechNews e do Law21.

A partir do momento que você começa a se inteirar melhor de assuntos que fogem um pouco do tradicional mundo jurídico, fica mais fácil se abrir para a comunicação (e colaboração) com pessoas de outras áreas. Entenda que saber se comunicar importa muito e que existem situações em que uma linguagem mais informal pode passar muito mais segurança - e viabilizar muito mais negócios! - do que uma conversa técnica e rebuscada. Afinal, você não gostaria de trabalhar com alguém sem entender uma palavra do que aquela pessoa fala, certo?

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Márcio Manincor
Pronto para fechar negócios como nunca?
Tenho formação em Direito e mestrado em Ciências Jurídico-Econômicas. Já atuei como executivo de grandes empresas e consultor estratégico de alto impacto em negócios de todos os setores. Vim para o Jus por acreditar em um propósito: Conectar Pessoas à Justiça. Minha missão aqui dentro é ajudar os advogados do nosso país a alcançarem esse propósito com dicas sobre negócios e tecnologia de ponta.
Fonte: marciomanincor.jusbrasil.com.br

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