Conselho de Ética encerra sessão sem votar o parecer que pede cassação de Cunha

goo.gl/mY6fet | O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), encerrou a sessão desta terça-feira, 7, do colegiado sem votar o parecer pela cassação do mandato do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Uma nova tentativa de votação foi marcada para esta quarta-feira, 8.

Araújo anunciou o encerramento dos trabalhos após o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), autor do parecer pela cassação de Cunha, pedir tempo ao presidente do conselho para "analisar" proposta feita por aliados de Cunha, para que ele retire de seu relatório a acusação sob recebimento de vantagem indevida.

Mais cedo, o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) tinha pedido que Rogério delimitasse a acusação a Cunha apenas ao fato de o peemedebista ter mentido que não possuía contas secretas no exterior. Caso o relator acate, Bacelar promete não protocolar voto em separado, em que pretende pedir apenas a suspensão do mandato de Cunha por três meses.

Manobra

Marcos Rogério fez o pedido a Araújo em uma manobra regimental, para evitar que seu relatório fosse rejeitado. Isso porque a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é considerado decisivo para aprovar a perda de mandato de Cunha, não estava presente para votar, o que abriria espaço para um suplente aliado do peemedebista votar no lugar dela.

Sem o voto de Tia Eron, o placar previsto no momento é de 9 votos pela cassação e 10 contra. Caso a deputada baiana decida empatar o placar, caberá ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), dar o voto de minerva. O deputado deve votar pela perda de mandato de Cunha. Caso ela vote contra, a cassação será rejeitada por 11 votos a 9.

Com o pedido, Marcos Rogério e opositores de Cunha ganham tempo para tentar convencer Tia Eron a votar a favor da cassação de Cunha. Opositores do peemedebista acusam o governo Michel Temer de estar influenciando diretamente a deputada baiana, cujo partido possui cargos no governo, a votar a favor de Cunha.

Apesar de estar em Brasília, Tia Eron não compareceu à sessão desta terça-feira do conselho. Sua assessoria havia informado que ela participaria da votação, mas, mesmo após encerrada a discussão, ela não apareceu. Ao perceber a falta da deputada e a iminente possibilidade de rejeição de seu parecer, Araújo acatou pedido de Rogério e adiou a votação.

A estratégia de aliados de Cunha é derrotar o parecer que pede a cassação e aprovar novo parecer pedindo apenas a suspensão do mandato de Cunha por três meses. De acordo com o Código de Ética, o novo parecer só poderá ser votado caso o voto de Marcos Rogério seja rejeitado.

Por Igor Gadelha e Daiene Cardoso
Fonte: Estadão

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